Importações de etanol diminuem, mas continuam fortes em janeiro

Contrariando sazonalidade, é possível que volumes voltem a cair em fevereiro

As importações brasileiras de etanol em janeiro totalizaram 155,7 mil m³, um volume 10,8% menor do que dezembro e 5,4% abaixo do mesmo mês no ano passado. As exportações, entretanto, também caíram (-3,4%) no comparativo mensal, para 104,0 mil m³. Este volume também 14,5% inferior ao ano anterior.

Desta forma, as importações líquidas no mês totalizaram 51,7 mil m³, 22,7% abaixo de dezembro, mas 20,4% acima de janeiro/18. Vale destacar que, no acumulado da safra 2018/19, o Brasil exportou 280,4 mil m³ a mais do que importou, o que representa quase cinco vezes mais do que no mesmo período em 2017/18.

Perspectivas

Nos próximos meses, é provável que as importações líquidas do Brasil recuem, ao contrário do que ocorreu no ano passado. Isso se deve principalmente à relação entre o preço do etanol em São Paulo – principal estado produtor – e nos EUA (principal parceiro comercial do país).

No ano passado, o etanol brasileiro foi negociado entre US$170 e 200/m³ acima do preço no produto americano no Golfo ao longo dos meses de janeiro a março. Nos últimos três meses, este diferencial caiu de mais de US$90/m³ para pouco menos de US$80/m³ em janeiro. A tendência para fevereiro é de que este diferencial se estreite ainda mais.

Isso porque, mesmo com a alta do etanol no estado de São Paulo ao longo desta última semana, o nível das cotações do biocombustível continuam acima do começo de janeiro. Além disso, conforme argumentamos em nosso último relatório semanal, o elevado nível de estoques no Centro-Sul do Brasil deve manter as cotações do biocombustível sob pressão para que o mesmo se mantenha atrativo em relação à gasolina, garantindo a demanda para fartas reservas.

Nos EUA, as  cotações do etanol já foram muito pressionadas nos últimos meses pelos estoques elevados, levando a margem dos produtores para patamares negativos. Esta situação vem levando à queda na produção do biocombustível, o que deve reduzir o nível de estoques. Com isso, os preços devem ganhar suporte, mesmo que muito limitado, no país norte-americano.

Por isso, é provável que as importações fiquem abaixo do registrado em 2017/18 nos próximos meses. Devemos notar, entretanto, que nova cota de importações sem a tarifa de 20% entrará em vigor em março, o que deve dar sustentação às compras externas neste mês.

 

Matéria escrita por João Paulo Botelho, colaborador StoneX até outubro de 2019.

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