Importante terminal exportador de açúcar é destino da StoneX na Tailândia

Após proveitosa visita à segunda maior usina da Tailândia no dia anterior, a quinta-feira foi dedicada principalmente para visitar o porto de Laem Chabang, a principal via de exportação de açúcar bruto no país.

Para isso, fui convidado para conhecer o terminal Aawthai, operado pela United Standard Terminal (UST). Este é o principal terminal exportador de açúcar no porto, com participação de 36% nos embarques tailandeses em 2018.

Em reunião com o Diretor Comercial e de Desenvolvimento de Negócios da UST e executiva da área, foram apresentadas as principais características técnicas da operação do terminal, assim como um quadro completo da logística de exportação do açúcar no país e uma perspectiva para os desafios que estão sendo enfrentados pelo setor.

O terminal de Aawthai possui extensão de 350 m, podendo receber dois navios de grande porte, com 14 metros de profundidade. A maior embarcação atendida no ano passado foi carregada com 58 mil toneladas de açúcar, com destino à Indonésia. O terminal possui dois carregadores, com capacidade combinada de 24 mil toneladas de açúcar por dia. No ano passado, foram exportados por ele 1,64 milhões de toneladas de açúcar a granel e 0,63 milhões de toneladas de empacotado.

O terminal ainda tem armazéns com capacidade para estocar 500 mil toneladas de açúcar granel, 50 mil toneladas do produto empacotado e 24 mil toneladas de melaços. Este último produto é tanto exportado (durante a safra de cana), como importado (durante a entressafra) pelo terminal, com capacidade de bombeamento 10 mil toneladas por dia do granel líquido. As exportações se destinam principalmente à produção de bebidas e de ração animal em países vizinhos. As importações vem principalmente de refinarias no Oriente Médio, mas também da África do Sul e até de algumas usinas da América do Sul.

João Paulo Botelho, Analista de Inteligência
de Mercado da StoneX, e equipe da UST e Mitr Phol

A mesma UST também opera terminal no porto de Bangkok, localizado nas margens do rio Chao Praya. Este último exportou no ano passado 0,57 milhões de toneladas de açúcar a granel e 0,63 milhões de toneladas do produto empacotado, sendo assim o principal exportador de açúcar branco do país.

Com isso, os dois portos normalmente se dividem entre as duas principais regiões produtoras do país, de acordo com a proximidade de cada uma. O de Laem Chabang atende majoritariamente as localizadas no nordeste do país, que produzem principalmente açúcar bruto para exportação. Pelo menos uma usina de Laos também exporta por este terminal. Enquanto isso, o porto de Bangkok atende mais as empresas da região central, que produzem principalmente açúcar branco, com foco no mercado interno, mas que também conta com exportação considerável. Parte desta vendas externas são feitas através de cabotagem para países vizinhos, como Myanmar e Camboja.

Quanto à logística interna do país, ao redor de 20 a 30% do produto é movido por via fluvial, principalmente através do rio Chao Praya e seus afluentes, que trazem produto das regiões central e norte do país. A maior parte do açúcar é movido por rodovias e menos de 5% por ferrovias. A principal desvantagem deste modal, segundo os executivos da UST, é a distância do terminal ferroviário em relação ao porto em Laem Chabang, além da dificuldade para descarregar o produto e a falta de flexibilidade nos fretes cobrados pela empresa estatal que administra as ferrovias. Já está em planejamento, entretanto, novo terminal ferroviário dentro da área do porto, o que pode aumentar o uso do modal pelas usinas de açúcar, principalmente aquelas localizadas no nordeste do país.

Comentou-se na reunião que a capacidade de estocagem nos portos e nas usinas de alguns grupos foi quase que totalmente ocupada no pico da safra passada, o que levou as algumas empresas a se verem forçadas a exportar rapidamente o produto. Este ano, com maiores estoques iniciais no país, algumas usinas iniciaram a safra de maneira antecipada exatamente para garantir espaço nos armazéns portuários. Com isso, a empresa já está investindo em aumento do capacidade de armazenagem de açúcar granel em Laem Chabang, podendo chegar a 770 mil toneladas.

Quanto aos desafios para a operação da logística no país, o principal ponto colocado foi a busca de redução nos atrasos para recepção e embarque do açúcar, assim como da busca por maior giro do estoques. Os executivos indicaram a empresa vê a falta de comunicação e o desalinhamento de interesses entre usinas, terminal e tradings como a principal razão para estas ineficiências. Desta forma, a empresa busca criar incentivos de preços para que as usinas mantenham o açúcar estocado por menos tempo no porto, enviando para o mesmo quando já há negócio realizado e confirmação de navio recebedor.

O ponto no qual os executivos afirmaram que não existe grande dificuldade é no carregamento do açúcar produzido pelo país. No ano passado, os portos foram capazes de exportar mais 1,2 milhão de toneladas nos meses de maio e junho, que já se encontram dentro da temporada chuvosa do país. Segundo os executivos, os portos do país tem capacidade para embarcar 1,8 a 2,0 milhões de toneladas nos meses mais secos. Ou seja, com melhor aproveitamento da capacidade logística existente, seria possível atender todo o aumento na produção de açúcar.

Após a reunião pudemos testemunhar o recebimento de açúcar bruto, visitar armazém do mesmo produto e acompanhar o embarque de açúcar branco empacotado em navio que partia para portos africanos. Terminada a visita voltamos para Bangkok, onde realizamos reunião na sede da Mitr Phol com vice-presidentes de vendas internacionais das áreas de açúcar e de melaços, nesta reunião foi discutida a situação do setor açucareiro no Brasil e na Tailândia, assim como a situação do aumento no custo de produção no país e perspectivas para o setor.

No próximo dia, que provavelmente será o último de atividades da viagem à Tailândia, visitarei a sede do grupo Khon Kaen Sugar Industry Pcl (KSL), que opera cinco usinas no país, com capacidade combinada de 95 mil toneladas de cana por dia, tornando este o terceiro maior grupo tailandês.

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