Na última quinta-feira (9), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou suas estimativas do balanço global de oferta e demanda de algodão, elevando sua projeção para a produção norte-americana para 4,65 milhões de toneladas. A cifra corresponde a um aumento de 1% frente à redução para 4,60 milhões de toneladas notada no mês anterior, em que foram contabilizadas as perdas resultantes da passagem dos furacões Harvey e Irma pelo cinturão algodoeiro do país. Com mais de 50% da colheita finalizada nos Estados Unidos até o início de novembro, o USDA projeta um aumento significativo da produtividade dos algodoais, com um rendimento médio de 1.008 kg/hectare nos estados do Sudeste e 1.120 kg/hectare no Meio-Sul, impactando positivamente no volume da produção final, que deve ser a maior observada desde a safra de 2006/07.
A despeito da precipitação elevada e da onda de frio recente terem atrasado a colheita em algumas regiões cotonicultoras, 55% da safra norte-americana se encontra em condições boas ou excelentes (6 p.p. acima do mesmo período do ano passado), com destaque para a região do Delta do rio Mississipi, com 65% das lavouras nessas condições (5 p.p. acima de 2016).
De acordo com o USDA, o impacto causado por mudanças no clima em setembro e outubro nos estados do Meio-Sul, como o Texas, foi compensado pelos ganhos consideráveis nas plantações dos estados do Leste, como observado na região do Delta, corroborando para a revisão, já esperada, da produção norte-americana.
O acréscimo projetado em novembro para a safra norte-americana também influenciou na estimativa dos estoques finais, volume carregado de uma safra a outra, que define a oferta na entressafra. O aumento de 57 mil toneladas faz com que a projeção de estoques finais seja de 1,32 milhões de toneladas, a maior desde a safra 2008/09. Tal avanço deriva da manutenção dos volumes de exportações e consumo doméstico estimados em outubro, fazendo com que o adicional na produção esteja contabilizado nos estoques finais de 2017/18.
Todavia, restando ainda 38 semanas até o encerramento da safra atual, já foi realizado o equivalente a 64% do volume de exportações projetado para 2017/18. Atualmente, as cotações do algodão norte-americano são consideradas bastante competitivas, o que contribui para uma demanda aquecida da pluma dos cotonicultores dos Estados Unidos, aumentando a possibilidade de uma revisão posterior da estimativa de vendas de exportação, o que corroboraria para um decréscimo dos estoques finais e da relação estoque/uso.
Seguindo tendência inversa à da safra dos Estados Unidos, a projeção da safra global conferiu um leve viés altista ao mercado. Apesar do aumento de 0,5% na produção mundial de algodão em novembro, o USDA projetou para 2017/18 um aumento de 1% no consumo global, com destaque para a demanda mais aquecida em Bangladesh (+5%) e China (+1,3%) em comparação com outubro. Com o avanço do consumo e uma contração na projeção para a produção da Austrália (1,05 milhões de toneladas), os estoques finais tiveram uma revisão, contraindo cerca de 2% frente a outubro, agora em 19,79 milhões de toneladas previstas para estocagem na entressafra.
De tal modo, as condições da safra 2017/18 norte-americana observadas até o momento, e a considerável melhora em comparação com o ano-safra anterior, fizeram com que as expectativas do mercado para o algodão dos Estados Unidos não divergissem em grande escala do reportado pelo WASDE. No entanto, o viés levemente altista do balanço, que decorre das revisões para a safra global, pode ser intensificado caso o USDA decida por revisar a projeção das exportações dos Estados Unidos.