Fortalecimento do basis deve ser limitado por maiores estoques de passagem desde 2010/11

Exportações acima do esperado em 2017/18 não devem compensar avanço da produção brasileira

No último dia 2, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) divulgou o fechamento das exportações brasileiras de algodão de 2018. Os dados surpreenderam ao sinalizar um forte volume de carregamentos ao exterior na última quinzena de dezembro, corroborando para que o total exportado atingisse as projeções da Conab para 2017/18.

As 176,3 mil toneladas, acumuladas entre 15 e 31 de dezembro, corresponderam para que o Brasil encerrasse a temporada 17/18 com 1,03 milhão de toneladas exportadas, de acordo com dados compilados pela StoneX, sinalizando um avanço de 24% frente à safra anterior. O montante supera em 3% a estimativa de 1,0 milhão de toneladas da Companhia Nacional de Abastecimento mantida desde outubro de 2018, após diversas revisões.

O ritmo defasado até a primeira semana de dezembro ocorria em virtude de gargalos logísticos às exportações, como a escassez de contêineres para realizar a remessa dos fardos da pluma ao exterior. Deste modo, com os volumes semanais recordes na última quinzena do ano — praticamente 90 mil toneladas — agora há a necessidade de uma revisão das atuais estimativas do balanço de oferta e demanda de algodão, especificamente dos estoques de passagem.

De acordo com o último acompanhamento de safra da Conab, espera-se que os estoques finais passem de 245,3 mil toneladas para 566 mil toneladas, representando um incremento de 131%. Esse avanço indica uma dificuldade do mercado interno e da logística brasileira em destinar esses fardos provenientes de uma produção brasileira em constante crescimento.

O maior volume exportado em 2017/18 pode influenciar uma ligeira queda nos estoques de passagem. Analisando a evolução das estimativas para a safra 2017/18 (gráfico 2) pode-se observar uma variação positiva de 20% da produção entre outubro de 2017 e dezembro de 2018, assim como um avanço de 17,6% das projeções das exportações e de 7,2% dos estoques de passagem.

Considerando a dinâmica atual do mercado internacional de algodão, as exportações acima do esperado podem decorrer de novos contratos com países importadores da pluma brasileira, como a China. As fiações chinesas receberam, no final do ano passado, uma cota do governo para captarem fardos da fibra natural a tarifas reduzidas.

Deste modo, analisando a relação dos componentes do balanço de O&D do Brasil, as exportações podem ter sido impulsionadas às custas de fardos previamente contabilizados como estoques. Contudo, mesmo que confirmada uma redução  dos volumes de passagem, a relação do estoque/uso deve ainda influenciar um fortalecimento menos intenso da trajetória do basis, ou prêmios, no período de entressafras.

Como observado no gráfico 3, o basis apresenta uma tendência sazonal de fortalecimento no primeiro semestre do ano. Isto pois neste período não há a entrada de novos volumes no mercado, com as vendas e exportações reféns dos volumes estocados.

Logo, a despeito de ser esperado um fortalecimento do prêmio recebido pelo produtor nos próximos meses, o avanço dos estoques para seu maior nível desde a safra 2010/11 deve limitar a intensidade do avanço do basis. Ao considerar a exportação de 200 mil toneladas no primeiro semestre, e um consumo de 350 mil toneladas (50% da projeção de 700 mil tons da Conab), estimamos que os prêmios devem se fortalecer a partir de abril.

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