América do Norte surpreende com níveis de processamento bem abaixo do esperado

Na última semana foram divulgados os dados consolidados de moagem de cacau do último trimestre pelas organizações dos principais países demandantes da comodity. A European Cocoa Association (ACA) indicou um processamento de 362.940 toneladas de cacau para os países do bloco europeu, um recuo de 0,1% com relação ao mesmo trimestre do ano anterior. A Alemanha apresentou perdas mais expressivas, com processamento 2,7% menor que o mesmo período de 2018, totalizando 103.332 toneladas. As reduções na moagem nesta região vão de encontro com a análise apresentada no semanal da última semana a respeito da redução das margens de contribuição no ano de 2019, de modo que ao indicarem menores ganhos, não geram estímulos para maiores moagens serem realizadas.

A maior surpresa fica a cargo dos dados publicados pela National Confectioners Association (NCA), que revelou uma contração de 7,4% no esmagamento de cacau nos países norte-americanos: com 119.004 toneladas processadas a região atinge seus menores níveis de processamento desde 2009. As reduções dos processamentos nos países ocidentais também são reflexos dos recuos esperados no crescimento do PIB – ilustrados nas projeções do FMI para o crescimento do PIB global (mais detalhes na próxima matéria).

Segundo a Cocoa Association of Asia (CAA), a Ásia manteve sua consistência de crescimento ao processar 225.356 toneladas e crescer 14,73% com relação ao mesmo período de 2018. A Malásia, um dos países que compõe o bloco, cresceu em 49,9%, alcançando um número de esmagamento de 91.197 toneladas.

As confortáveis taxas de capacidade ociosa fazem com que a expansão da moagem seja viável nos países asiáticos em períodos de aumento das margens de produção – sem necessidade de novos investimentos. Vale ressaltar que grande parte do cacau processado na Ásia tem como destino o abastecimento dos mercados Europeu e dos EUA, de modo que as perspectivas para o crescimento da moagem no continente asiático são afetadas pelo desempenho econômico destes países.

Já a Costa do Marfim, maior produtor mundial, manteve a tendência de crescimento observada nos últimos anos. No terceiro trimestre de 2019, 140.473 toneladas da amêndoa foram processadas representando uma alta de 11,2% com relação ao mesmo intervalo de 2018. O avanço deste montante é reflexo de mudanças estratégicas das processadoras, que têm investido para aumentar seu processamento dentro do próprio país produtor.

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