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Alan Lima

Estudante de Economia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Trabalha desde 2022 na divisão de Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na áreas de câmbio e cacau.
Este texto teve a colaboração de Leonardo Rossetti.

Relatório Semanal– Mercado de Cacau 18/07/23

Data da publicação do relatório: 18/08/2023

Relatório Semanal Mercado de Cacau StoneX

No Relatório Semanal de Cacau, os especialistas da StoneX discutem um balanço das movimentações de cotações de cacau em suas principais bolsas de negociação. Aborda de forma analítica os principais temas e indicadores relevantes para o mercado de cacau no Brasil e no mundo, indicando os principais fatores que podem afetar o mercado no curto/médio-prazo e as principais tendências para as próximas semanas. Realiza também o acompanhamento de safra dos principais países produtores e analisa as perspectivas de demanda e oferta da commodity. Conheça os pacotes de assinatura de Relatórios de Cacau.

Moagens e suspensão da venda de contratos de exportação guiam cotações de cacau na semana

Cotações de cacau apresentam comportamento divergente em diferentes bolsas durante semana movimentada para o mercado

Na bolsa de Nova Iorque (ICE/US), o contrato futuro de cacau com vencimento mais próximo (setembro-23) apresentou alta de 1,3% entre os dias 07 e 14 de julho, com aumento de US$ 42/ton, as cotações do contrato foram de US$ 3.310/ton para US$ 3.352/ton ao fim do pregão da última sexta (14).

Para o contrato equivalente na bolsa de Londres (ICE/Europe), foi registrado um recuo de 3,2% na última semana, com queda de GBP 83/ton, o contrato com vencimento em setembro foi de GBP 2.581/ton para GBP 2.498/ton. No mesmo período, o dollar index apresentou desvalorização de 2,3%, enquanto o índice de preços futuros de commodities do Commodity Research Bureau (CRB) ganhou força e avançou 2,5%.

Um fator relevante para a alta observada na bolsa nova-iorquina foi a suspensão da venda de contratos de exportação de cacau para a safra 2023/24 pelo Conselho de Cacau e Café da Costa do Marfim (CCC), devido às inundações nas lavouras que ocorreram após chuvas intensas na região.

Desde abril, o Oeste Africano passa por sua estação de chuvas, que deve se estender até novembro, contudo, a partir de maio, começou a se registrar um grande volume pluviométrico no país, de modo que a precipitação bem acima do normal para a época acabou por causar enchentes em regiões de produção cacaueira. O ocorrido, além de prejudicial às árvores devido ao excesso de umidade no solo, também atrasa as entregas de cacau aos portos por dificultar o acesso dos produtores às lavouras e o processo de secagem da amêndoa.

Assim, o CCC afirmou que o montante de cacau previsto para ser entregue no começo da próxima temporada deve ser bem menor em relação à temporada atual e que é esperado que a produção no primeiro trimestre de 2024 ajude a balancear as perdas da primeira parte da temporada, o que levou o conselho a pausar as vendas de contratos de exportação para a safra seguinte por não saber se o volume da produção seria suficiente para cobri-las.

Ademais, produtores locais relatam que as enchentes no cinturão de cacau marfinense causaram a proliferação de black pod, doença fúngica que se disseminou entre os cacaueiros em razão das condições de elevada umidade do solo e tem causado perdas às colheitas.

Na bolsa de Londres, o recuo apresentado pelas cotações dos futuros de cacau reflete a maior preocupação dos investidores quanto à demanda pela commodity no continente europeu, que se dá em razão da divulgação dos dados de moagem da amêndoa na última semana que indicam menor consumo de cacau no último trimestre.

Nesse sentido, contribui para a percepção de maiores riscos ligados ao consumo da amêndoa os resultados de vendas da Barry Callebaut — uma das principais empresas da indústria de cacau no mundo e responsável por um quarto da produção global de chocolate— que apresentaram um desempenho mais fraco que no ano anterior. De acordo com a empresa, as vendas entre setembro de 2022 e maio deste ano foram 2,7% menores que o observado no ano anterior.

Assim, o mercado mantém-se majoritariamente altista, no entanto, caso os resultados do processamento para as outras regiões e de vendas de empresas do setor continuem a decepcionar, é possível que haja uma margem maior para uma correção dos preços para baixo.

Moagens de cacau na Europa recuam e ficam abaixo da média

Na última semana, o mercado de cacau reagiu às divulgações da Associação Europeia de Cacau (ECA) e da Associação Profissional dos Exportadores de Café e Cacau da Costa do Marfim (GEPEX) dos resultados de processamento da amêndoa para o 2º trimestre do ano nas regiões.

Os números de moagem são importantes para o mercado da amêndoa pois são utilizados como aproximação do seu nível de consumo, de modo que variações negativas nos valores trimestrais podem causar temores aos investidores quanto à demanda por cacau.

De acordo com a ECA, o esmagamento de cacau na Europa foi de 343 mil toneladas no último trimestre, montante cerca de 8,5% menor que o reportado nos três primeiros meses de 2023.  Observa-se que houve uma redução de 5,7% do total esmagado em comparação com o mesmo trimestre em 2022, quando o valor reportado foi de 364 mil toneladas.

Os números de moagem da safra 2021/22 foram alavancados pela retomada econômica acompanhada do retorno das viagens de voos comerciais e de comemorações de festividades, fatores importantes para o consumo de chocolates e outros derivados do cacau, de modo que o consumo de cacau apresentou avanço de 2,7% na Europa em relação à temporada anterior.

Já o montante acumulado de cacau processado nos três primeiros trimestres da safra 2022/23 ficou em 1,078 milhão de toneladas, ao passo que a temporada anterior registrava, no período equivalente, um total de 1,103 milhão de toneladas de cacau esmagados, o que representa uma queda de 2,3% no processamento acumulado até o momento.

Sazonalidade das moagens de cacau na Europa (mil toneladas)

Fonte: European Cocoa Association. Elaboração: StoneX.

Como mostra a média dos últimos 5 anos, é normal que o consumo dos derivados de cacau caia após o período de comemorações no fim do ano, contudo, o resultado reportado para abril, maio e junho de 2023 ficou 1,1% abaixo do volume médio de cacau processado em tais meses.

Assim, entende-se que os hábitos de consumo herdados do período de isolamento podem ter sido afetados pelo contexto macroeconômico após meses de resiliência, ou seja, o consumo mais difundido de snacks, guloseimas e outros produtos derivados do cacau que são tidos como bens discricionários — isto é, bens que são substituídos em situações de restrição orçamentária das famílias — pode ter sido prejudicado pelo avanço inflacionário no continente e pela alta dos juros praticado pelo Banco Central Europeu.

Nesse sentido, a Associação da Indústria Confeiteira da Alemanha divulgou que o processamento de cacau durante o 2º trimestre no país caiu 2,3% no comparativo anual, uma queda menos expressiva que a observada para o continente.

 

Moagens trimestrais de cacau na Costa do Marfim por

Fonte: GEPEX. Elaboração: StoneX.

 

Para a Costa do Marfim, os dados do GEPEX indicam o esmagamento de cerca de 161 mil toneladas no 2º trimestre de 2023, avanço de 2,8% em relação ao total processado no mesmo período do ano anterior, ao passo que o trimestre anterior reportou um aumento anual de 21,4% da moagem.

No comparativo trimestral, observa-se que nos últimos três meses, o montante esmagado foi 15% menor que em janeiro, fevereiro e março deste ano, quando foi registrado um total de 189 mil toneladas de cacau esmagadas.

Em relação à média de 5 anos, o volume esmagado nos últimos três meses foi 21,9% maior, o que se dá pelos esforços do governo marfinense e das companhias nos últimos anos para aumentar a capacidade de moagem da amêndoa no país ampliando as plantas de processamento na Costa do Marfim, de modo que o processo, antes realizado próximo às principais regiões consumidores, passa a ocorrer em regiões mais próximas da produção de cacau, gerando menos custos às empresas do setor.

Desse modo, há um processo de transição dos centros de processamento para o Oeste Africano, de modo que quedas regionais da moagem podem advir de tal processo, assim, os investidores devem voltar sua atenção para os dados de moagem da América do Norte e da Ásia, que devem sair nos próximos dias, a fim de entender quais são os impactos da transferência do esmagamento e dos maiores custos associados a energia e consequente avanço inflacionário observado globalmente.

 Acompanhamento de Safra

Entre os dias 10 e 16 de julho, a Associação Profissional de Exportadores de Cacau e Café da Costa do Marfim (GEPEX) reportou a entrega de 21 mil toneladas da amêndoa aos portos marfinenses, de modo que a safra atual acumula 2,259 milhões de toneladas de cacau entregues.

Em comparação com a semana anterior, houve um aumento de 10,5% no volume entregue, enquanto em relação à semana equivalente na temporada anterior, quando foram entregues 14 mil toneladas, a alta é de 50%. Para o acumulado, observa-se uma redução do montante de 4% em relação ao mesmo momento na safra 2021/22, quando era registrado a entrega de um total de 2,353 milhões de toneladas.

Entregas semanais de cacau na Costa do Marfim (mil toneladas)

Fonte: GEPEX. Elaboração: StoneX.

Relatório Semanal Mercado de Cacau StoneX

 

Este conteúdo foi disponibilizado para assinantes em primeira mão em: StoneX Digital.

As informações que constam nesta publicação representam as opiniões, os pontos de vista e as projeções do autor, salvo se indicado o contrário, e não necessariamente refetem os pontos de vista, estratégias ou recomendação de negociação empregadas pela StoneX. Todas as previsões de condições de mercado são inerentemente subjetivas e especulativas, e resultados reais e previsões subsequentes podem variar significativamente em relação a essas previsões.

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