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Alan Lima

Estudante de Economia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Trabalha desde 2022 na divisão de Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na áreas de câmbio e cacau.
Este texto teve a colaboração de Leonardo Rossetti.

Moagem global de cacau avança no primeiro trimestre de 2023 e indica demanda firme

Europa registra leve avanço na moagem de cacau no 1º trimestre

No dia 13 do último mês, a Associação Europeia de Cacau (ECA) divulgou o resultado trimestral de moagem, usado como indicador da demanda pela commodity, para a região nos primeiros meses de 2023, nos quais observou-se um avanço de 0,5% do processamento da amêndoa frente ao volume esmagado em janeiro, fevereiro e março de 2022. Nesse primeiro trimestre, os países europeus moeram cerca de 375.375 toneladas de cacau, contra um montante de 373.498 toneladas no período equivalente do ano passado.

Observa-se que, para os resultados do primeiro trimestre do ano, em 2020 — quando a pandemia de Covid-19 começou — houve uma queda de 0,4% da moagem de cacau e, no ano seguinte, a retração foi ainda mais expressiva, de 3% no comparativo anual. Contudo, após o início da retomada econômica das nações, registrou-se um aumento de 4,4% em 2022, avanço que agora perde força frente aos receios de recessão econômica sob o contexto de alta inflacionária e de uma política monetária contracionista implementada pelo Banco Central Europeu, o que tende a diminuir o consumo de bens discricionários, como os subprodutos do cacau. Todavia, o leve avanço, frente a todos os desafios citados e uma inflação de chocolates e produtos achocolatados que ainda não demostrou desaceleração na zona do euro, mostra uma resistência do consumo maior que a esperada.

Ainda em meados de abril, o Conselho de Cacau da Malásia divulgou os dados de processamento do país para o primeiro trimestre do ano, os quais são lidos como uma prévia da demanda na Ásia. Para os três primeiros meses, reportou-se um avanço mais sutil que o observado na Europa, com aumento de 0,25% das moagens no comparativo anual para 90.655 toneladas de cacau esmagadas no país asiático, contra 90.424 toneladas no período equivalente do ano anterior. No comparativo trimestral, o resultado reportado representa uma queda de 3,31% do montante, contra a retração trimestral de 10,95% relatada nos três primeiros meses de 2022 ante o 4º trimestre de 2021, de modo que se observa uma tendência de o começo do ano apresentar queda do esmagamento devido à menor demanda por subprodutos do cacau por parte das famílias após ter se passado o período de festividades.

Moagens trimestrais de cacau na Europa por temporada (mil toneladas)

Fonte: European Cocoa Association. Elaboração: Stonex. 

Costa do Marfim têm forte alta do esmagamento

Na Costa do Marfim, país líder em produção e processamento de cacau, o esmagamento da amêndoa chegou ao patamar de 189.405 toneladas nesse primeiro trimestre, volume 21,4% maior que o do primeiro trimestre de 2022, quando reportou-se o total de 156.000 toneladas da amêndoa processadas. Comparando-se com o resultado relativo a outubro, novembro e dezembro de 2022, quando 172.357 toneladas da amêndoa foram esmagadas, o valor do trimestre representa um avanço de 9,89%. Apenas em março deste ano, o processamento de cacau chegou a 69.567 toneladas, apresentando uma alta de 32,9% ante março de 2022. Vale lembrar que o avanço da moagem se deve às medidas do governo marfinense de expansão das plantas processadoras de cacau no país a fim de trazer as empresas esmagadoras de cacau para o Oeste Africano, de forma que o cacau seja moído em regiões mais próximas de sua produção para reduzir custos às companhias.

Moagens trimestrais da Costa do Marfim (em milhares de toneladas)

Fonte: GEPEX. Elaboração: Stonex.

Processamento de cacau apresenta crescimento na Ásia

Na semana seguinte, a Associação de Cacau da Ásia (CAA) divulgou os dados trimestrais de processamento da amêndoa no continente, os quais revelaram um ritmo de crescimento de 4,1% da moagem, avanço maior que o 0,25% observados pela Malásia, país cujos resultados são lidos como prévia para a Ásia. Em janeiro, fevereiro e março de 2023, o continente asiático esmagou cerca de 222.028 toneladas de cacau, ante 213.303 toneladas esmagadas no mesmo período do ano anterior. No comparativo trimestral, houve uma retração de 3,8% contra as 230.806 toneladas esmagadas em outubro, novembro e dezembro de 2022, redução normal considerando que os últimos meses do ano são um momento em que o consumo de chocolates é maior.

Moagens trimestrais de cacau da Ásia (em milhares de toneladas)

Fonte: CAA. Elaboração: StoneX.

No primeiro trimestre de 2020, a CAA reportou o esmagamento de 207.356, no ano seguinte, houve um aumento de 3,1% e o processamento da amêndoa chegou a 213.858 toneladas, com relativa estagnação em 2022, com o total processado ficando em 213.313. Dessa forma, os dados de 2023 sinalizam a continuação da tendência observada durante o isolamento, quando se observou ampliação do consumo de derivados do cacau após o abrandamento das medidas sanitárias decorrentes da pandemia de Covid-19.

Mercado brasileiro demonstra aumento da demanda pela amêndoa

No Brasil, a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) divulgou que, neste primeiro trimestre de 2023, a moagem brasileira da amêndoa apresentou um crescimento de 15,5%, indo de 55.439 toneladas esmagadas no primeiro trimestre de 2022 para 64.016 toneladas no mesmo momento deste ano. Nos primeiros três meses de 2020, foram processadas 60.163 toneladas de cacau, volume que caiu 6,5% em 2021, quando no mesmo momento o montante reportado foi de 56.273 toneladas, ficando próximo da estabilidade em 2022, quando houve uma contração de 1,5% no total. Assim, observa-se que o consumo de cacau no Brasil superou novamente a marca de 60.000 toneladas esmagadas e se encontra acima dos níveis pré-pandemia, com indicativos de que a demanda mais aquecida deve permanecer para o restante de 2023.

Moagem mensal de cacau no brasil (em milhares de toneladas)

Fonte: AIPC. Elaboração: StoneX.

Esmagamento de cacau na América do Norte registra recuo no primeiro trimestre

A América do Norte, por sua vez, apresentou uma retração de 4,4% no primeiro trimestre de 2023, indo de 114.694 toneladas em 2022 para 109.666 toneladas agora, segundo dados da Associação Nacional de Confeiteiros (NCA). No trimestre relativo aos últimos meses do ano passado, a moagem norte-americana ficou em 107.130 toneladas, de modo que os resultados atuais representam um avanço trimestral de 2,4%, possivelmente em razão do maior alívio que as pressões inflacionárias no país apresentaram nos últimos meses, o que tende a aumentar o consumo de bens discricionários como os subprodutos do cacau.

Durante o primeiro trimestre de 2020, foram esmagadas na América do Norte cerca de 115.591 toneladas da amêndoa, volume que subiu 2,1% em 2021, quando a NCA reportou um total de 117.956 toneladas de cacau processadas nos mesmos meses devido ao maior consumo de snacks observado durante o período de isolamento, tendência que foi freada pelo avanço inflacionário no país, de modo que, no mesmo período em 2022, o montante processado teve uma contração de 2,8% e ficou em 114.694. Dessa forma, a retração observada no último trimestre demonstra o modo com a inflação nos países da América do Norte tem afetado o consumo de bens de maior elasticidade-renda da demanda, isto é, como o consumo de bens discricionários é diminuído conforme a renda das famílias é afetada pela elevação do nível de preços.

Processamento trimestral de regiões selecionadas (em milhares de toneladas)

 Fonte: ECA, NCA, CAA, Cacauth, AIPC, GEPEX. Elaboração: StoneX.

Observa-se que, apesar do ciclo de alta implementado por diversos bancos centrais ao redor do globo e do avanço inflacionário observado nos últimos meses, a demanda pelo cacau continua em alta nas principais regiões consumidoras da amêndoa, de modo que, com exceção da América do Norte, a moagem consolidada das regiões selecionadas no último trimestre manteve-se num patamar elevado, sendo o maior volume de processamento desde o início da pandemia.

Ao mesmo tempo, a oferta da commodity é prejudicada pelo desempenho abaixo do esperado das plantações cacaueiras no Oeste Africano, que têm apresentado entregas menores que a média nos últimos meses. As entregas insuficientes da Costa do Marfim e de Gana, somadas ao esmagamento mais intenso visto nesse trimestre, levam o mercado de cacau a apresentar uma tendência altista para as próximas semanas, a depender de como será o desempenho da safra intermediária, iniciada em abril.

Alan Lima

Estudante de Economia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Trabalha desde 2022 na divisão de Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na áreas de câmbio e cacau.
Este texto teve a colaboração de Leonardo Rossetti

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