Aumento dos casos de COVID-19 na Europa pressionam o real na semana e elevam as dúvidas quanto à retomada do consumo de café fora de casa

O temor por novas paralisações das atividades na Europa e as menores chances de um acordo para um novo pacote de medidas de estímulos fiscais nos Estados Unidos, além de afetar as expectativas de retomada do consumo de café aos níveis pré-pandemia em alguns dos principais centros consumidores da bebida, também impactou aas cotações da moeda brasileira na semana.

Neste contexto de elevadas incertezas, a busca por ativos mais seguros, costuma afetar com força as moedas de mercados emergentes, considerados mais arriscados. A aversão ao risco do mercado brasileiro levou o dólar a figurar novamente acima do patamar de R$ 5,60 na última semana, encerrando cotado a R$ 5,642, em uma alta de 2,1% com relação à sexta-feira anterior (9). A divisa americana também avançou com relação às moedas de outras economias avançadas, com o dollar index registrando alta de 0,7%, cotado a 93,7 pontos.

Os avanços das novas infecções da Europa devem continuar sendo um dos principais focos dos agentes. Na última semana, o governo da França decretou estado de emergência, com as principais cidades do país ficando sob toque de recolher entre às 21h e 6h em todos os dias durante quatro semanas. Enquanto isso, os novos recordes de casos diários em uma série de outros países, como Itália, Rússia e Polônia, elevam as chances de as lideranças do bloco como um todo readotarem medidas mais rígidas de distanciamento social. Caso esta tendência se confirme, o consumo de café fora de casa, o mais impactado desde o início da pandemia, pode demorar mais que o esperado pelo mercado para retornar aos seus níveis pré-pandemia.

A falta de um consenso para uma nova rodada de estímulos fiscais nos Estados Unidos também tem gerado dúvidas sobre a continuidade da retomada da economia do país, que perdeu força nos últimos meses após o encerramento do primeiro pacote de estímulos, no final de julho. Os novos picos de infecções observados na região Meio-Oeste dos Estados Unidos, que levaram o país a registrar mais de 60 mil casos de COVID-19 em 24 horas pela primeira vez em dois meses, também devem seguir como ponto de atenção dos agentes. Uma nova ascensão do número de infecções poderia criar novos possíveis cenários para a retomada do dinamismo da economia e do consumo das famílias no país, afetando as expectativas do mercado.

A próxima semana é de agenda mais esvaziada no Brasil. Os principais indicadores da semana serão publicados apenas na sexta-feira (23), quando o IBGE divulgará o IPCA-15 referente a outubro, e o Banco Central publicará as Estatísticas do Setor Externo de setembro, informações que devem auxiliar na percepção de investidores quanto ao processo de recuperação da economia brasileira. Os agentes também devem ficar atentos quanto ao noticiário político acerca da situação fiscal do país, que voltou a afetar o humor do mercado cambial na última sexta-feira, após boatos de que o governo pode prorrogar o estado de calamidade pública para o começo de 2021, o que permitirá novos gastos que deteriorariam ainda mais a condição das contas públicas nacionais.

 

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