Desde o último trimestre de 2022, os preços futuros de café arábica estiveram sob pressão em meio as perspectivas de uma grande safra no Brasil, após o retorno das chuvas no cinturão cafeeiro no país, e as preocupações com a demanda devido ao cenário de inflação e dúvidas com relação ao crescimento da economia global – no último trimestre de 2022, os preços futuros de café arábica contabilizavam perdas de 24,5% enquanto as cotações de robusta haviam recuado 16,4%.
Marcado pela volatilidade, o primeiro trimestre do ano foi positivo para as cotações futuras de café, principalmente para o tipo robusta. Desde o início do ano, os preços futuros de café arábica avançaram 15,6% para uma máxima de US₵ 193,35/lb no dia 22/02, mas o movimento perdeu força e os preços recuaram, consolidando um avanço de apenas 1,9% no fechamento do trimestre.
Por outro lado, os preços futuros de café robusta apresentaram um avanço de 23% até a máxima do trimestre de USD 2214/ton, no fechamento do dia 27/03, depois recuando para USD 2173/ton e consolidando um avanço de 20,8% no primeiro trimestre do ano.
Evolução dos preços futuros de café arábica e café robusta
Fonte: CommodityNetwork Traders’ Pro. Elaboração: StoneX.
Estimativas da safra de café em 2023 frustram otimismo do mercado e suportam alta nos preços
Enquanto os preços de café seguiam pressionados em meio ao otimismo com safra brasileira em 2023, com projeções de alguns agentes acima de 75 milhões de sacas, a divulgação de várias estimativas, incluindo a StoneX, indicou que a safra não seria tão grande, o que frustrou parte dos agentes e suportou os avanços nos preços.
A média das estimativas disponíveis para a produção de café em 2023 apontam para um total de 63,5 milhões de sacas – após a realização de estudo, a StoneX estimou a safra brasileira em 62,3 milhões de sacas, sendo 40,7 milhões de café arábica e 21,6 milhões de café robusta.
Para o café robusta, os preços avançaram reagindo as preocupações dos agentes com a oferta, principalmente devido ao período de entressafra no Vietnã e a quebra na produção na Indonésia.
Amplitude das estimativas para a produção de café no Brasil (milhões de sacas)
Fontes: StoneX e USDA. Elaboração: StoneX.
Um fator que limitou os avanços e pressionou as cotações do arábica no final do trimestre foram as preocupações com a demanda em meio a inflação – de acordo com a Abic, no Brasil, houve uma inflação de 35% no café torrado e moído, resultando em uma queda de mais de 1% no consumo. Enquanto o ritmo inflacionário perdeu força no Brasil, o ritmo de inflação nos EUA e na Europa ainda é preocupante.
Para o próximo trimestre, a demanda continuará sendo um ponto de atenção e os indicadores de exportação, importação e, principalmente, estoques e inflação nos países consumidores, deverão indicar qual será o ritmo de consumo nos países.
Além disso, o período poderá sofrer com a volatilidade devido a entrada do inverno brasileiro, tendo em vista que, apesar de ainda não haver indícios, a entrada de uma massa polar com potencial de causar geada poderá suportar avanços nos preços e gerar volatilidade, já que as cotações tendem a recuar caso o evento não aconteça.
É importante mencionar que, apesar das incertezas, os preços de café devem ser pressionados à medida que a nova safra brasileira é colhida e disponibilizada no mercado.
Finalmente, grande parte das atenções se voltarão para os relatórios dos adidos do USDA, que trarão detalhes sobre a produção de café nos países em 2023 e deverão ser divulgados na segunda quinzena de maio, mas sem data definida. No dia 22 de junho, o USDA divulgará seu relatório final com as perspectivas para o balanço global de oferta e demanda em 2023/24.
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