Assim como observado na agenda americana, marcada por falas de membros do Fed, a União Europeia e o Reino Unido têm agendados para esta semana os discursos de Mario Draghi e Mark Carney, que tratarão do futuro das políticas monetárias do Banco da Inglaterra (BOE) e do Banco Central Europeu (BCE).
Em suas últimas falas, Carney tem alertado o governo britânico sobre as ameaças de uma saída desordenada da União Europeia, sem antes definir um acordo comercial e um acordo de transição para garantir os direitos de cidadãos e empresas europeias que encontram-se no Reino Unido. Em setembro, o presidente do BOE afirmou que no pior cenário poderia ser esperada uma queda de 35% no preço de imóveis residenciais britânicos ao longo de três anos, o que certamente teria fortes impactos sobre o setor financeiro do país.
Com o recuo dos indicadores da inflação britânica no mês passado, pressionados pelas incertezas em torno do Brexit, o BOE deverá desacelerar o ritmo de altas da taxa de juros do país. De acordo com o último levantamento do Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido, o índice de preços ao consumidor registrou queda de 0,2 p.p. entre agosto e setembro e encontra-se em 2,2%. O núcleo do indicador, que exclui os preços mais voláteis de alimentos, energia, fumo e bebidas alcoólicas, recuou para 1,9%, abaixo da meta de 2,0% do BOE.
Apesar das incertezas a respeito da saída do Reino Unido da União Europeia, a economia britânica registrou ligeira recuperação no segundo trimestre deste ano, crescendo 0,4% (ante 0,1% no primeiro trimestre), e apresenta taxa de desemprego baixa, em 4,0%, e ganhos salariais consideráveis. Caso a atividade econômica se mantenha em ritmo aquecido e o mercado de trabalho apertado, pode ser necessário que o BOE volte contrair as condições financeiras do país.
Na Europa, as expectativas com o discurso de Mario Draghi se referem à indicação de que o BCE deve prosseguir com a retirada de estímulos monetários e à posição da autoridade monetária europeia em relação aos planos do governo da Itália de ampliar seu déficit fiscal além dos limites permitidos pelas metas da UE a fim de cumprir promessas feitas durante o período eleitoral. Em uma conferência no início do mês, Draghi pediu calma ao governo italiano, ressaltando que a expansão do orçamento do país pode trazer incertezas ao euro.
Sobre a taxa de juros do ECB, a expectativa é de manutenção, pelo menos até a metade de 2019.