Mesmo com o retorno do Banco Central ao mercado na sexta-feira, realizando leilão de swaps cambiais tradicionais após dois meses sem operar, a moeda americana encerrou a semana em alta de 0,75% na semana, cotada a R$ 3,257. A atuação do BC contribuiu para interromper a sequência de fortes altas da taxa de câmbio, notadas desde a quarta-feira, contudo não foi suficiente para compensar o pessimismo dos investidores com as chances de aprovação da reforma da Previdência. No exterior, depois de acumular três semanas consecutivas em queda, o dollar index encerrou a sexta-feira com ligeira alta ante o fechamento da semana anterior. Assim como no Brasil, o dólar no mercado americano oscilava conforme as perspectivas para a aprovação da reforma tributária proposta pelo governo de Donald Trump no Senado.
Cenário doméstico
O real abriu a última semana em recuperação, acompanhando o noticiário favorável para a reforma da Previdência e se descolando da trajetória geral das moedas de economias emergentes, que abriram a semana mais fracas diante do referencial americano. As declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmando que o calendário para votação da reforma do sistema de aposentadorias e pensões é viável para aprovar o projeto até o final de 2017 na Câmara, levaram ao recuo do dólar comercial no mercado brasileiro ao patamar de R$ 3,220, seu menor valor até então desde o final de outubro.
O movimento construtivo da moeda brasileira continuou a ser observado na terça-feira. Entre os operadores permanecia a visão de que a articulação política das últimas semanas entre o governo e o Congresso permitiria a aprovação do projeto de reforma da Previdência, resultando em perspectivas mais otimistas para o real. Na sessão, a moeda brasileira também obteve suporte dos comentários do próximo chair do Federal Reserve, Jerome Powell, que discursou na terça-feira perante o Congresso americano e reforçou as expectativas de que o ritmo de elevação da taxa de juros da economia americana deva se manter gradual.
Nos pregões de quarta e quinta-feira, o dólar comercial voltou a avançar com força em vista, encerrando as duas sessões com ganhos de cerca de 1,0%. O anúncio de que o PSDB saiu oficialmente da base aliada e a fala do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, indicando que não devem ser feitas novas concessões ao texto da reforma da Previdência para acomodar as opiniões dos deputados governistas foram recebidos com pessimismo pelo mercado, que passou a precificar chances ainda menores de aprovação da medida. Atenuando a tendência de alta da moeda americana verificada nos dois dias anteriores, o Banco Central do Brasil retomou na sexta-feira (1º) os leilões de swap cambial tradicional para a rolagem dos contratos com vencimento em 2 de janeiro de 2018. O volume total a ser rolado, de US$ 9,6 bilhões, deve ser fracionado em lotes diários de 14.000 contratos de swap (US$ 700 milhões) a serem distribuídos entre os vencimentos de março, maio e outubro do próximo ano. Os contratos de swap cambial tradicional equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro e tendem a conferir pressão baixista sobre a taxa de câmbio. Devido aos feriados do final do ano, a rolagem dos instrumentos com vencimento em janeiro devem ser concluídas até o dia 20 deste mês.
No sábado, o presidente Michel Temer reafirmou seu compromisso com o avanço da reforma da Previdência em evento em Limeira, no interior de São Paulo e indicou que definirá até o final desta semana se o governo terá os 308 votos suficientes para a aprovação da PEC 287/16. “Nós vamos trabalhar para ter os votos e até a quinta ou sexta-feira próxima nós vamos verificar se temos os votos. Acho que poderemos sensibilizar (…) Vamos fazer todo o esforço” disse Temer a jornalistas.
A possibilidade de aprovar o projeto entre os dias 5 e 6 deste mês, aventada em meados de novembro já não é mais viável e o governo trabalha para ter nesta semana uma contagem mais precisa do apoio à reforma da Previdência. Em jantar na quarta-feira (6), promovido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o governo definirá se coloca a matéria em pauta para votação até o dia 22, quando o Congresso entra em recesso de final de ano. PP e PTB, que somam 62 votos na Câmara, já manifestaram que devem fechar questão a favor da medida. Também é esperado que PMDB e PSDB, representados por 107 deputados no total, também fechem questão pela aprovação da reforma nos próximos dias.
A sondagem do Datafolha apresentou números atualizados das intenções de voto para presidente nesse domingo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consolidou sua posição como primeiro colocado na disputa, aglutinando entre 34% e 37% dos eleitores dependendo dos cenários pesquisados. Lula também vence em todos os cenários de segundo turno, com 52% a 30% contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com 48% a 35% contra Marina Silva (Rede) e 51% a 33% contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC, em transição).
Ainda de acordo com a pesquisa, Bolsonaro tem personificado a alternativa a Lula, aparecendo como segundo colocado em todos os cenários contra o ex-presidente com 17% a 19% dos votos. Sem Lula, as intenções de voto em Bolsonaro sobem para 21%, seguido de Marina Silva (16%) e Ciro Gomes (PDT) com 12% dos eleitores. No segundo turno Bolsonaro perderia em um confronto com Marina (46% a 32%).