Saída tumultuada de Bebianno gera preocupações com a reforma da Previdência
O par dólar/real abriu a semana em alta, repercutindo a crise que emergiu no governo federal em torno do agora ex-ministro da secretaria de Governo, Gustavo Bebianno (PSL), às vésperas da apresentação do projeto de reforma da Previdência ao Congresso. Sem o referencial do mercado americano, em função do feriado do Dia do Presidente, a sessão foi marcada por baixo volume e pela predominância do noticiário doméstico sobre o movimento das cotações. Em alta considerável de 0,8%, o dólar comercial voltou a ser cotado em torno dos R$ 3,732, depois de atingir a máxima do intradia de R$ 3,744.
As operações no mercado à vista de câmbio já haviam sido encerradas quando o governo anunciou a demissão de Gustavo Bebianno e a escolha do general Floriano Peixoto, até então secretário-executivo do ministério, para assumir o cargo. A queda de Bebianno se deu após o surgimento de denúncias, a partir de reportagem do jornal Folha de São Paulo, de que a executiva do PSL—partido que elegeu Bolsonaro, e do qual Bebianno foi presidente—teria criado candidaturas de fachada que receberam verbas totalizando R$ 650 mil. As denúncias foram seguidas de reações de um dos filhos do presidente, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSL), e do próprio presidente, que endossou publicação do filho nas redes sociais, que contribuíram para desgastar a imagem do governo e aprofundando a crise.
O impacto desta primeira grande crise da gestão Bolsonaro se deu por meio das expectativas dos agentes em relação às probabilidades de aprovação da reforma da Previdência e da força que o governo terá ao negociar a proposta com os parlamentares. O presidente deve realizar um pronunciamento sobre o projeto nesta quarta-feira (20), ressaltando a importância de mudanças ao sistema de aposentadorias e pensões e apresentando as alterações propostas. Na semana passada, o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, revelou que o governo pretende alterar as idades mínimas para a aposentadoria para 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, com período de 12 anos para a transição.