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Bruno Santos

Formado em Economia e Relações Internacionais pela FACAMP. Trabalha desde 2021 na Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na área de Energia.

Relatório Quinzenal de Gás Natural

Este é um exemplo do relatório Quinzenal de gás natural, disponibilizado para assinantes, que traz uma análise aprofundada dos fundamentos de mercado do gás natural nos EUA, na Europa e no Brasil, buscando observar o comportamento dos estoques, produção e consumo nas três regiões. Além disso, o estudo também busca compreender a variação de algumas referências de preço importantes no mercado, como o TTF, o Henry Hub e o JKM. Frequência: Quinzenal Tipo: Relatório

Na última quinzena, o contrato mais ativo do Henry-Hub apresentou alta de 3%, encerrando a sessão da última quarta-feira (19) cotado a USD 2,222 mmbtu. A referência europeia, por sua vez, encerrou em queda (9%), com o TTF negociado a USD 12,967 mmbtu. Nesse período, os futuros do Brent recuaram 2,2%, atingindo USD 83,12 bbl na última sessão.

Os futuros do Henry-Hub vêm apresentando grande volatilidade nas últimas sessões, mas a expectativa de um clima mais frio nos próximos dias e exportações elevadas de GNL sustentaram os preços. A referência europeia, no entanto, seguiu em direção oposta, com o TTF chegando ao menor patamar em quatro semanas ontem (19) diante uma demanda enfraquecida e aumento da oferta de GNL. Apesar do direcionamento oposto na última quinzena, ambas as referências acumulam quedas parecidas desde o início desse ano, com o Henry-Hub e o TTF registrando baixas na ordem de 44% e 42%, respectivamente.

 

Evolução dos preços de gás natural – Henry Hub (dir.) e TFF (esq.) (USD/MMbtu)

Fonte: NYMEX, ICE. Elaboração: StoneX

 

Estados Unidos

Nos Estados Unidos, os estoques de gás natural seguiram em alta, atingindo 1.930 Bcf, valor 33% maior do que o volume registrado no mesmo período no ano anterior e acima da média sazonal. O valor é 75 Bcf maior do que aquele registrado na semana passada, ficando acima da previsão do mercado (66 Bcf), o que vem limitando a escalada dos preços nessa quinta-feira (20). Ademais, esse resultado segue refletindo o aumento da produção doméstica, resultado de um crescimento da oferta associada ao petróleo, ou seja, com empresas do setor aumentando a produção de gás como um subproduto das operações na medida que também se verifica uma expansão da oferta doméstica do óleo bruto.

Estoques de gás natural na Estados Unidos – Bcf

Fonte: EIA. Elaboração: StoneX.

Nas últimas semanas, os preços do Henry-Hub vêm sofrendo grande volatilidade, acumulando variações diárias acima de 5%, além da referência atingir a mínima nos últimos 30 meses semana passada. Investidores seguem mais sensíveis à variação da demanda e dos estoques no país, com a alta dos contratos nos últimos dias sendo reflexo de uma previsão de queda das temperaturas pelos Estados Unidos na última semana de abril. Assim, a precificação da referência está cada vez mais atrelada a fatores do mercado doméstico norte-americano do que por fundamentos do mercado internacional.

 

Previsão de temperatura nos EUA

Fonte: StoneX. Elaboração: StoneX.

Europa

O consumo de gás natural na Europa seguiu enfraquecido na última quinzena, com as temperaturas mais quentes da primavera aliviando a demanda pela molécula. De acordo com dados oficiais, as reservas de gás natural na União Europeia chegaram a 2.100 Bcf ontem, valor 103% maior do que o volume registrado no mesmo período no ano anterior, atingindo novas máximas sazonais. Com exceção da Ucrânia, países europeus se encontram em uma situação confortável, com as reservas do combustível garantindo a segurança energética do bloco pelas próximas semanas.

Como analisado anteriormente, o fortalecimento dos estoques europeus ocorreu por meio do aumento das importações de gás natural de países vizinhos, como a Noruega, mas também de novos parceiros comerciais, especialmente Estados Unidos e nações do Oriente Médio, por meio do GNL. Com isso, o bloco conseguiu superar sua dependência de gás russo até o momento. A maior disponibilidade de gás natural no mercado internacional, especialmente a partir da desaceleração do consumo chinês, também contribuiu para garantir a estocagem nos últimos meses.

Estoques de gás natural na Europa – Bcf

Fonte: GIE. Elaboração: StoneX.

Outro fator importante para o fortalecimento das reservas de gás natural foi a queda do consumo durante os meses de inverno. De acordo com dados oficiais, a média de consumo de países da União Europeia foi de 1,25 milhão de terajoule entre setembro e março (outono e inverno no hemisfério norte) – nesse mesmo período entre 2021-2022, a demanda média oscilou em torno de 1,51 milhão de terajoule, configurando uma queda de 16,68%.

Países do bloco haviam anunciado em agosto/22 uma meta de redução da demanda por gás nas estações mais frias em 15% em relação à média dos últimos cinco anos para o período, com a adoção de políticas públicas e de conscientização nacional como meios de se atingir o valor definido. O resultado de março, divulgado ontem, indicou que o bloco conseguiu superar a meta, reduzindo o consumo em 18%. Apenas dois países da UE, a dizer Malta e Eslováquia, aumentaram seu consumo no período, e outros três não atingiram a meta – Irlanda (-0,3%), Espanha (-13,7%) e Eslovênia (-14,2%). Com essa notícia, os preços dos futuros do TFF cederam 5,7% na quarta-feira (19), atingindo os menores valores em quase um mês. É importante ressaltar, no entanto, que a queda do consumo também foi influenciada por um inverno mais ameno no continente, condição que pode não se repetir na próxima estação.

Consumo mensal de gás natural na União Europeia – milhões de terajoule

Fonte: Eurostat. Elaboração: StoneX.

Brasil

De acordo com o MDIC, as importações de gás natural atingiram 382,8 mil toneladas em março, ou 2,91 bilhões de m³, levando o acumulado do ano para 9,35 bilhões de m³. O valor em março foi o menor da série desde outubro de 2022, e representa uma queda de 63% no comparativo com o volume importado no mesmo período no ano anterior. Considerando o resultado do primeiro trimestre, as importações de gás natural foram 68% menores em relação ao 1T22, refletindo a demanda menos aquecida pelo produto no início de 2023.

Importações mensais de gás natural – Brasil (milhares de toneladas)

 

Fonte: MDIC. Elaboração: StoneX

Em geral, as importações de gás natural no estado gasoso nos primeiros meses de 2023 seguiram abaixo dos níveis de anos anteriores, mas, no trimestre, representou uma queda de apenas 8% em relação a 2022. Assim, o principal fator para a queda das importações no 1T23 recaem sobre o gás natural liquefeito (GNL): até março, o Brasil não registrou nenhuma internalização de GNL, contra os 18,3 bilhões de m³ importados nesse mesmo período no ano passado. Entende-se que dessa maneira as importações de gás boliviano (Gasbol) vêm atendendo completamente a demanda doméstica pelo produto.

A produção doméstica, por sua vez, aumentou em 6,9% nos dois primeiros meses do ano quando comparado aos valores de 2022, de acordo com dados da ANP. Considerando o volume disponível para consumo, no entanto, a oferta doméstica acumulada chegou em 2,17 bilhões de m³, um aumento de apenas 1,9%. Assim, apesar de um aumento da oferta doméstica contribuir para um recuo das importações de gás, avalia-se que a queda da demanda brasileira foi determinante para esse movimento. Em geral, a indústria de transformação registrou uma queda da produção nos primeiros meses de 2023, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, com fevereiro sendo o sexto mês consecutivo de retração. No caso do consumo de gás natural para geração de energia, o índice elevado em reservatórios hídricos pelo país também tem evitado a ativação de termelétricas.

Produção Física de Indústrias de transformação – Número-Índice (2022=100)

 

Fonte: IBGE. Elaboração: StoneX

Por fim, a Petrobrás anunciou na última segunda-feira (17) o ajuste trimestral sobre os preços do gás natural para distribuidoras, aplicando uma redução média de 8,1% nas tarifas a partir de maio. De acordo com a estatal, o ajuste é reflexo de uma queda das cotações do Brent (-8,7%) e apreciação do real (queda de 1,1% na taxa de câmbio) desde o início de 2023. Os preços do gás natural comercializado no país se mantiveram em alta por quase todo 2022, reflexo da elevação dos preços internacionais, especialmente do petróleo. A medida, assim, favorecerá principalmente a indústria, apesar do ajuste não ser repassado integralmente para o setor devido aos custos de transporte.

Evolução dos preços de gás natural – Brasil (R$/mmbtu)[

Fonte: ANP. Elaboração: StoneX.

Bruno Santos

Formado em Economia e Relações Internacionais pela FACAMP. Trabalha desde 2021 na Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na área de Energia.

Este artigo é um exemplo dos conteúdos disponíveis para assinantes no Portal de Relatórios.

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