AÇÚCAR & ETANOL
Bruno Santos

Bruno Santos

Formado em Economia e Relações Internacionais pela FACAMP. Trabalha desde 2021 na Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na área de Energia.
Este texto teve a colaboração de Isabela Garcia.

Tempestade Elliot preocupa EUA

País registrou diversas ocorrências no setor energético após tempestade

Nos dias que precederam o feriado de Natal, uma corrente polar atravessou os Estados Unidos e provocou uma queda brusca na temperatura do país, impactando o setor energético.  O Serviço Nacional de Meteorologia (NWS, sigla em inglês) estima que cerca de 70% da população norte-americana foi afetada pela tempestade Elliot – a maior extensão de alerta de inverno registrada na história – com algumas regiões sofrendo com a queda da rede elétrica e diversos voos e viagens programados para o final de semana de Natal sendo cancelados.

A expectativa é de que as temperaturas se recuperem nos próximos dias, conforme a tempestade se dissipe e perca intensidade, mas os efeitos da corrente polar provocaram disrupções na cadeia elétrica dos Estados Unidos e influenciaram o mercado de petróleo e combustíveis nas últimas sessões.

Na quinta-feira (22) foi identificada uma massa polar que avançou pelo Canadá e no norte dos Estados Unidos, provocando uma queda de quase 20°C em duas horas em algumas regiões do país. A corrente, batizada de tempestade Elliot, seguiu com grande intensidade até chegar nos estados mais ao sul, como o Texas e a Flórida. Além disso, ventos fortes de quase 100 km/h também atingiram algumas cidades do país, elevando a categoria da tempestade para um ciclone-bomba. O fenômeno atingiu seu pico de intensidade entre os dias 23 e 24, devendo se dissipar nos próximos dias.

Temperaturas médias – EUA

Fonte: StoneX, com dados de NOAA/NCEP/EMC (GFS: Global Forecast System), 2022.

Apesar da brevidade da tempestade, as pressões que ela impôs para o sistema elétrico foram suficientes para sobrecarregá-lo em algumas regiões, deixando cerca de 1,5 milhão de residências norte-americanas sem energia no final de semana de Natal. A demanda por combustíveis e por aquecimento levou, por sua vez, a uma escalada de preços do petróleo (WTI +2,29%) e do Heating Oil na sexta-feira (23), e segue influenciando as cotações nesse início de semana.

Preços WTI e Hoc1 (heating oil) em USD/bbl

 

Fonte: NYMEX. Elaboração: StoneX.

O clima frio também trouxe impactos para as refinarias de petróleo localizadas no Golfo do México, que juntas acumulam uma capacidade de refino de 1,5 mbpd. Diversas empresas, como a Total Energies, Exxon Mobil e Valero Energy, reportaram na sexta-feira (23) que parte das suas operações estavam paralisadas diante das dificuldades relacionadas ao congelamento de maquinário. Assim, algumas unidades passaram a operar em menor capacidade, o que deve impactar, no curto prazo, a produção de combustíveis nos Estados Unidos. A tempestade Elliot também interferiu na produção de petróleo e gás natural em outras regiões pelo país, o que contribui para um aperto sobre a oferta de combustíveis no país em um momento de maior demanda por energia e aquecimento.

A situação no Golfo do México relembra o episódio de fevereiro de 2021, quando uma tempestade de inverno atravessou o Texas, sobrecarregando a rede elétrica do estado e causando problemas na produção de combustíveis. Na época, os preços do petróleo e do diesel para aquecimento também encontraram suporte nas condições adversas sobre a produção e a rede de distribuição de energia.

 Capacidade de refino no Golfo do México

Fonte: EIA (Refinery Capacity Report, 2012.)

Os impactos da tempestade Elliot sobre o setor energético norte-americano ainda não são completamente mensuráveis, uma vez que o fenômeno é recente e ainda afeta algumas regiões dos Estados Unidos. No entanto, é possível observar que tempestades de inverno, mesmo que breves, ainda sobrecarregam o sistema do país e tornam as refinadoras ao sul mais vulneráveis, afetando a capacidade de produção, o que, por sua vez, se reflete no mercado como um suporte para as cotações dos combustíveis, especialmente o diesel.

Bruno Santos

Formado em Economia e Relações Internacionais pela FACAMP. Trabalha desde 2021 na Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na área de Energia.
Este texto teve a colaboração de Isabela Garcia

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