A Bielorrússia é um país europeu, cuja independência foi declarada em 1991, quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi desmembrada. No governo desde 1994, Alexandre Lukashenko é quem ocupa a mais tempo a posição de chefe de estado dentre as nações que compunham a URSS.
O país vivencia um período de forte instabilidade política. Após o resultado da eleição presidencial, realizada no último dia 09, indicarem vitória de Lukashenko com 80,1% dos votos, sob acusações de fraudes eleitorais, diversos protestos eclodiram na Bielorrússia. Dentre as manifestações, milhares de trabalhadores de empresas estatais declararam greves.
Circulou na imprensa internacional a notícia de que as operações da produtora de fertilizantes, Belaruskali, teria sido comprometida a partir desta segunda-feira (17) em função da onda de greves, causando preocupações quanto à possíveis distúrbios na oferta mundial de potássio. A estatal russa é responsável pela produção de aproximadamente 20% do volume global do insumo, ao passo que interrupções prolongadas de suas operações têm grande potencial para desequilibrar o balanço de O&D.
Capacidade global de produção de potássio (milhões de toneladas/ano)
Fontes: Green Markets e Bloomberg. Elaboração: StoneX.
Ante informações contraditórias, a estatal emitiu comunicado oficial à imprensa na quarta-feira (19), no qual a companhia alegou que todas suas 7 minas de extração de minério estão operantes, enquanto 3 das 4 plantas de concentração e processamento também estariam ativas – a unidade desativada, de acordo com o comunicado, está em período programado de manutenções, sem qualquer indicativo de relação com os protestos.
Apesar do cenário ainda bastante incerto, não restam dúvidas sobre o papel central que a Belaruskali desempenha no mercado internacional de potássicos, e os concorrentes da gigante russa permanecerão atentos aos desenvolvimentos domésticos na Bielorrússia. A despeito do comunicado oficial declarar ininterrupção da produção, a BPC (Companhia de Potássio Bielorrussa, na tradução), braço comercial da Belaruskali, confirmou uma possível alteração nos planos de venda para o mês de agosto, sem conceder maiores detalhes acerca dos volumes a serem disponibilizados.
Neste sentido, as tensões políticas no país do leste europeu podem beneficiar concorrentes do setor de potássicos. Em cenário de escalada das manifestações e paralisação das unidades produtivas da Belaruskali, os importadores devem buscar fontes alternativas de abastecimento. A Índia, por exemplo, atualmente negocia com a BPC a aquisição de volume adicional de KCl, em aditivo aos contratos de longo prazo estabelecidos com fornecedores, que irão expirar em dezembro.
Não obstante, a despeito da possibilidade de limitar a oferta global de cloreto no curto prazo, os efeitos das paralisações não representam um risco iminente de desabastecimento para o mercado brasileiro no curto prazo. Isto pois o mercado de KCl atualmente se encontra sobreofertado, e importantes consumidores, como o Brasil, se encontram com estoques confortáveis – relembrando, também, que a finalização do plantio na Índia e no Brasil no quarto trimestre marca o início do período “entressafra” da demanda mundial de potássicos – sendo retomada nos Estados Unidos no primeiro trimestre, em preparativos para a semeadura da safra de primavera.
Contudo, o evento gera um grande ruído de mercado e já se reflete em sutis elevações de preços no Brasil – mesmo com as informações ainda bastante escassas. Na esteira das incertezas, o indicativo médio de preços em Paranaguá verificou alta de 2,5% para USD 241,9/tonelada CFR, rompendo a sequência de semanas com os preços estagnados em USD 236/tonelada CFR.
Potássio – Brasil (USD/tonelada CFR)
Fonte e elaboração: StoneX.