Quando se trata de importação de fertilizantes no Brasil, os portos do arco Sul no Brasil possuem uma importância central nas operações logísticas nacionais. Alguns dos principais portos da região, como: Paranaguá, Santos, Rio Grande, São Francisco do Sul, Vitória, Imbituba e Porto Alegre não somente apresentam os maiores volumes de fertilizantes importados, como sempre fizeram parte das rotas principais de internalização de adubos no Brasil. Somados, esses portos receberam mais de 26 milhões de toneladas de fertilizantes em 2022, número que atesta a relevância desses portos para o suprimento das necessidades nutritivas das culturas no Brasil.
Informações da SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), contudo, demonstram que portos de outras regiões também ganharam relevância nos últimos anos. Os portos do Arco-Norte passaram a registrar valores de internalização maiores nos últimos anos. Os portos de São Luís, Salvador, Santarém e Belém, nos anos recentes, tem ganhado participação no volume total importado de fertilizantes.
Os portos do Arco-Norte, por outro lado, registraram um aumento de sua participação no total de internalizações de fertilizantes ao longo dos últimos anos. Se, em 2019, as importações que passaram pelo Arco-Norte representavam 20,6% do total de fertilizantes importados naquele ano, em 2022, a participação dos portos do Norte e Nordeste aumentaram para 23,6% do total. Trata-se de um crescimento de 3 pontos percentuais em 3 anos.
Ao analisar o volume absoluto internalizado pelos portos do Arco-Norte, nota-se um crescimento importante dos volumes importados nos anos recentes. Em 2019, 5,8 milhões de toneladas de fertilizantes foram internalizadas por esses portos. Em 2022, este valor ultrapassou os 8 milhões de toneladas. Trata-se de um aumento de 38,9% em somente 3 anos, o que corresponde a um aumento de 11,6% ao ano.
Importações de fertilizantes* pelos portos do Arco Norte (milhões de toneladas)
Além dele, o Arco Norte contou com o 7º, o 8º e o 9º principais portos recebedores de fertilizantes em 2022, sendo eles o de Salvador (5,0%), o de Santarém (4,0%) e o de Belém (3,4%), respectivamente. Salvador se caracteriza como o grande e praticamente único fornecedor da Bahia, enquanto Santarém e Belém dominam as vendas no Pará, além de competirem com os portos do Sul-Sudeste no fornecimento do importantíssimo estado do Mato Grosso.
Importações de fertilizantes* por porto em 2022 (milhões de toneladas)
Outra vantagem logística do Arco Norte é sua maior proximidade com importantes regiões produtoras de grãos. No momento, o MATOPIBA já é quase inteiramente abastecido pelos portos de São Luís e Salvador. Entretanto, o estado do Mato Grosso ainda é majoritariamente abastecido por Santos e Paranaguá. Nos próximos anos, com a melhoria da infraestrutura nas regiões Norte e Centro-Oeste do país e o consequente barateamento do frete, a tendência é que o Arco Norte aumente sua participação no abastecimento do Mato Grosso.
Um fator que aponta para isso é a logística que já existe para o complexo de soja. Para essa commodity, 48,6% das exportações do Mato Grosso em 2022 já aconteceram pelos portos do Arco Norte, percentual muito superior aos 26,9% registrado para as importações de fertilizantes. Nesse sentido, percebe-se que a estratégia de caminhões chegarem aos portos com grãos e voltarem para o interior com fertilizantes, tão tradicional na região Sul, ainda não acontece com tanta intensidade no Mato Grosso, fenômeno que tende a se inverter nos próximos anos.
Importações de fertilizantes do Mato Grosso (2022)
Feitas as considerações, conclui-se que é provável que a participação dos portos do Norte e do Nordeste siga crescendo em relação ao total das importações de fertilizantes.
*essa matéria considerou todos os portos das regiões Norte e Nordeste como Arco Norte, enquanto os portos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foram enquadrados como Arco Sul