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Tomas Pernías

Analista de Fertilizantes e Pecuária na Equipe de Inteligência de Mercado da StoneX. É formado em Ciências Econômicas e Relações Internacionais pela FACAMP. Mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP.
Este texto teve a colaboração de Felipe Sawaia.

Portos do Arco-Norte ganham relevância na importação de fertilizantes – São Luís é destaque

Paranaguá e Santos ainda dominam os desembarques, mas relação de forças deve ir aos poucos se alterando

Quando se trata de importação de fertilizantes no Brasil, os portos do arco Sul no Brasil possuem uma importância central nas operações logísticas nacionais. Alguns dos principais portos da região, como: Paranaguá, Santos, Rio Grande, São Francisco do Sul, Vitória, Imbituba e Porto Alegre não somente apresentam os maiores volumes de fertilizantes importados, como sempre fizeram parte das rotas principais de internalização de adubos no Brasil. Somados, esses portos receberam mais de 26 milhões de toneladas de fertilizantes em 2022, número que atesta a relevância desses portos para o suprimento das necessidades nutritivas das culturas no Brasil.

Informações da SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), contudo, demonstram que portos de outras regiões também ganharam relevância nos últimos anos. Os portos do Arco-Norte passaram a registrar valores de internalização maiores nos últimos anos. Os portos de São Luís, Salvador, Santarém e Belém, nos anos recentes, tem ganhado participação no volume total importado de fertilizantes.

Participação dos portos do Arco Sul e Arco Norte nas importações de fertilizantes* (2019-2022)
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Fonte: Comex Stat. Elaboração: StoneX. *foram considerados na conta: ureia, SAM, NAM, NP, MAP, DAP, SSP-TSP, KCl
Os portos do arco Sul, conhecidamente relevantes para a logística envolvida na importação de fertilizantes, registraram uma diminuição de sua participação nos últimos anos. Se, em 2019, 78,6% do total de adubos eram internalizados pelos portos do Arco-Sul, essa participação diminuiu para 76,4%, em 2022, o que corresponde a uma diminuição de 3 pontos percentuais. Contudo, é preciso ressaltar que, em valores absolutos, não houve uma diminuição dos valores internalizados pelo Arco-Sul. Essa diminuição, portanto, é relativa, e diz respeito a uma redução da participação que o arco Sul possui no volume total de fertilizantes importados no Brasil.

Os portos do Arco-Norte, por outro lado, registraram um aumento de sua participação no total de internalizações de fertilizantes ao longo dos últimos anos. Se, em 2019, as importações que passaram pelo Arco-Norte representavam 20,6% do total de fertilizantes importados naquele ano, em 2022, a participação dos portos do Norte e Nordeste aumentaram para 23,6% do total. Trata-se de um crescimento de 3 pontos percentuais em 3 anos.

Ao analisar o volume absoluto internalizado pelos portos do Arco-Norte, nota-se um crescimento importante dos volumes importados nos anos recentes. Em 2019, 5,8 milhões de toneladas de fertilizantes foram internalizadas por esses portos. Em 2022, este valor ultrapassou os 8 milhões de toneladas. Trata-se de um aumento de 38,9% em somente 3 anos, o que corresponde a um aumento de 11,6% ao ano.

Importações de fertilizantes* pelos portos do Arco Norte (milhões de toneladas) 

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Fonte: Comex Stat. Elaboração: StoneX. *foram considerados na conta: ureia, SAM, NAM, NP, MAP, DAP, SSP-TSP, KCl
Olhando para os principais portos do Arco Norte, o destaque fica por conta do de Itaqui, na cidade de São Luís. Em 2022, ele foi o 4º que mais recebeu importações, com a participação no total dos desembarques ficando em 8,8%, o equivalente ao recebimento de 3,02 milhões de toneladas. Com a exceção do estado da Bahia, São Luís se caracteriza como principal fornecedor de fertilizantes do MATOPIBA.

Além dele, o Arco Norte contou com o 7º, o 8º e o 9º principais portos recebedores de fertilizantes em 2022, sendo eles o de Salvador (5,0%), o de Santarém (4,0%) e o de Belém (3,4%), respectivamente. Salvador se caracteriza como o grande e praticamente único fornecedor da Bahia, enquanto Santarém e Belém dominam as vendas no Pará, além de competirem com os portos do Sul-Sudeste no fornecimento do importantíssimo estado do Mato Grosso.

Importações de fertilizantes* por porto em 2022 (milhões de toneladas) 

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Fonte: Comex Stat. Elaboração: StoneX. *foram considerados na conta: ureia, SAM, NAM, NP, MAP, DAP, SSP-TSP, KCl
Perspectivas futuras
Este aumento da participação do Arco-Norte frente a uma diminuição da participação dos portos do Arco-Sul, é simbólica. Apesar da variação ser pequena em pontos percentuais, ela pode indicar uma tendência que pode se acentuar nos próximos anos. É importante apontar que, enquanto alguns portos do Sul, como Paranaguá e Santos, possuem tempos de espera média de mais de 35 dias, indicando uma extrapolação da capacidade de operação, em determinados portos do Norte, como São Luís, o tempo médio de espera não ultrapassa os 16 dias. Os portos do Norte, nesse sentido, apresentam certas vantagens logísticas que podem significar mais cargas de fertilizantes sendo direcionados para lá.

Outra vantagem logística do Arco Norte é sua maior proximidade com importantes regiões produtoras de grãos. No momento, o MATOPIBA já é quase inteiramente abastecido pelos portos de São Luís e Salvador. Entretanto, o estado do Mato Grosso ainda é majoritariamente abastecido por Santos e Paranaguá. Nos próximos anos, com a melhoria da infraestrutura nas regiões Norte e Centro-Oeste do país e o consequente barateamento do frete, a tendência é que o Arco Norte aumente sua participação no abastecimento do Mato Grosso.

Um fator que aponta para isso é a logística que já existe para o complexo de soja. Para essa commodity, 48,6% das exportações do Mato Grosso em 2022 já aconteceram pelos portos do Arco Norte, percentual muito superior aos 26,9% registrado para as importações de fertilizantes. Nesse sentido, percebe-se que a estratégia de caminhões chegarem aos portos com grãos e voltarem para o interior com fertilizantes, tão tradicional na região Sul, ainda não acontece com tanta intensidade no Mato Grosso, fenômeno que tende a se inverter nos próximos anos.

                                      Importações de fertilizantes do Mato Grosso (2022)                                                                                     

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Fonte: Comex Stat. Elaboração: StoneX.
                                      Exportações de soja do Mato Grosso (2022)
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Fonte: Comex Stat. Elaboração: StoneX
Por fim, vale apontar que a construção da ferrogrão, ferrovia que promete conectar Sinop (MT) à ETC de Miritutuba (PA), aceleraria essa transição, representando uma forte concorrência à atual ferrovia Santos-Rondonópolis, que promete alcançar Lucas do Rio Verde (MT) até 2030. A ferrogrão, entretanto, segue parada na justiça, enfrentando problemas para conseguir as licenças ambientais.

Feitas as considerações, conclui-se que é provável que a participação dos portos do Norte e do Nordeste siga crescendo em relação ao total das importações de fertilizantes.

*essa matéria considerou todos os portos das regiões Norte e Nordeste como Arco Norte, enquanto os portos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foram enquadrados como Arco Sul

Tomas Pernías

Analista de Fertilizantes e Pecuária na Equipe de Inteligência de Mercado da StoneX. É formado em Ciências Econômicas e Relações Internacionais pela FACAMP. Mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP.
Este texto teve a colaboração de Felipe Sawaia

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