Relações de troca e avanço da safrinha devem fomentar entregas de fertilizantes

O Brasil tem fortalecido suas compras internacionais de fertilizantes, se consolidando como o maior importador líquido dos adubos nos anos recentes. O avanço da área plantada dos principais cultiváveis, em especial de grãos e algodão no Centro-Oeste, corroborou para um aquecimento do apetite comprador brasileiro. Sentimento fomentado também pelas relações de trocas entre os nutrientes e as culturas, que estimulam as adubações.

Após um ano de importações recordes para os fertilizantes, atingindo 28,15 milhões de toneladas¹ em 2019, segundo dados da Secex, a StoneX estima um leve desaquecimento das internalizações no Brasil em 2020. A queda dos preços internacionais dos adubos ao longo do segundo semestre do ano precedente corroborou para a formação de estoques domésticos confortáveis, com os agentes aproveitando as menores cotações para assegurarem carregamentos antes da temporada de adubações.

A retomada das operações nas plantas nacionais de fosfatados também deve contribuir para o leve recuo de 4,2% das importações, estas totalizando cerca de 27 milhões de toneladas, de acordo com a estimativa de janeiro da StoneX. A paralisação da produção nos complexos da Mosaic, diante da necessidade de manutenções de segurança nas barragens, contribuiu para a expressiva internalização de MAP em 2019, e este cenário deve ser mitigado em 2020.

Em contrapartida, a paralisação das plantas de Sergipe e da Bahia da Petrobrás acarretaram uma queda da produção brasileira a partir de 2019. A produção estimada para o último ano é de 7,44 milhões de toneladas, contabilizadas após a hibernação dos complexos produtivos, conforme a estatal dá continuidade a seu plano de saída do mercado de fertilizantes. Considerando a retomada das operações nas plantas do nordeste, agora sob tutela da Unigel, e, a paralisação das atividades na planta de nitrogenados da Petrobrás em Araucária (PR) em 2020, atualmente projetamos um output de 7,55 milhões de toneladas para o ano corrente, equivalente a um avanço de 1,6% no comparativo anual – vide gráfico 1.

 

Projeção de produção e importação (mil toneladas)

 

Fonte: Siacesp-ANDA; Secex. Projeção: StoneX. *Projeção.

Diante deste contexto, os estoques confortavelmente construídos no último trimestre pressionaram as cotações do complexo NPK, incentivando produtores agrícolas a realizarem compras antecipadas de seus fertilizantes. Assim, as relações de troca mais favoráveis aos agricultores – a RT entre o MAP e a soja atingiu 12,66 sacas/tonelada em 2019, enquanto a relação entre a ureia e o milho tocou as 22,3 sacas/t – devem ser um fator de impulsão para as entregas em 2020.

A perspectiva do plantio de uma área plantada recorde para o milho safrinha 2019/20 corrobora para um início de ano aquecido. A semeadura de 13,14 milhões de hectares do cereal neste primeiro trimestre, expansão de 2,1% no comparativo anual, sazonalmente marca o primeiro fluxo intenso de entregas aos produtores no Brasil, com destaque para os volumes de nitrogenados e potássicos.

A conjuntura atual do mercado de fertilizantes deve corroborar para o avanço de 1,9% das entregas na temporada 2020, projetadas em 36,9 milhões de toneladas pela StoneX, de acordo com estimativas de janeiro. A desaceleração em relação aos anos anteriores decorre, principalmente, devido às incertezas que ainda permeiam o mercado da soja no tocante à demanda internacional, e o papel da China enquanto comprador da oleaginosa norte-americana – o que tende a pressionar as cotações do grão em Chicago, e podem impactar a remuneração do produtor, consequentemente influenciando suas decisões de investimento em adubação.

¹ Dados consolidados de ureia, SAM, NAM, MAP, DAP, NP, KCl e enxofre.

 

Entregas de fertilizantes (milhões de toneladas)

Fonte: Siacesp-ANDA. Projeção: StoneX. *Projeção.

 

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