Na última terça-feira (06), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a elevação do percentual de biodiesel no diesel de 10% para 11%, após novos testes garantirem a segurança desse aumento. Com isso, o B11 está previsto para entrar em vigor a partir de setembro.
No Brasil, apesar de existir a possibilidade de se utilizar percentuais de biodiesel acima da mistura obrigatória, no chamado mercado autorizativo/voluntário (específico para alguns setores, como frotas rodoviárias cativas, atendidas por ponto de abastecimento), quase todo o consumo do biocombustível decorre da parcela obrigatória.
De qualquer maneira, mesmo considerando-se somente a mistura obrigatória, a previsão de se chegar o B15 em 2023 deve elevar o consumo de biodiesel para acima de 9 bilhões de litros por ano, lembrando que essa demanda está totalmente atrelada ao desempenho da economia, que afeta o consumo de diesel. Caso o Brasil registre taxas de crescimento mais elevadas do que as previstas atualmente nos próximos 4 anos, o consumo de biodiesel, por meio da mistura no diesel, pode ser até maior.
Em relação às matérias primas utilizadas para a produção do biocombustível, o óleo de soja deve continuar predominante, mesmo com o potencial de uso de outros óleos/gorduras. Em 2018, 70% do biodiesel produzido no país teve como matéria prima o óleo de soja. Entretanto, destaca-se que esse percentual pode ter sido ainda maior, pois existe a categoria ‘Outros Materiais Graxos’, definida pela ANP como “mistura de matérias-primas tradicionais em tanque e reprocessamento de subprodutos gerados na produção de biodiesel”, sem dar maiores detalhes.
Considerando somente os 70% designados como óleo de soja e que esse percentual vai se manter até a entrada em vigor do B15, em 2023, a demanda de soja somente para a produção de biodiesel superaria 30 milhões de toneladas, enquanto o estimado para 2019 ficou em 19,6 milhões de toneladas. Cabe destacar que ao considerar um percentual de uso de óleo de soja em 80%, como estimado por algumas instituições do setor, o consumo de soja somente para atender a produção de biocombustível superaria 35 milhões de toneladas.
Independentemente de diferenças nas estimativas, o aumento da mistura de biodiesel no diesel tem grande potencial para reforçar o consumo interno de óleo de soja (com as exportações já perdendo espaço desde a década passada) e, consequentemente, de soja para ser esmagada.