A Expedição Safra continua rumo ao norte do país e já chega ao estado do Mato Grosso, que representa que representa quase 30% da produção brasileira de soja no verão. Nossa primeira parada é no IMEA (Instituto Matogrossense de Economia Agrícola) em Cuiabá, onde somos recebidos pelo gestor técnico do instituto, Ângelo Ozelame.
Conforme mostram os dados oficiais, que são confirmados por Ângelo, o plantio também se encontra em estágio avançado no Mato Grosso. Boas chuvas no final de setembro e início de outubro criaram as condições ideais para o plantio e germinação das sementes. Apenas os últimos talhões semeados foram afetados por uma menor pluviosidade no final de outubro e ainda não apresentam germinação completa.
Na primeira semana de novembro, cerca de 80% da área do estado se encontrava semeada, 19 pontos percentuais (p.p.) acima dos 61% observados na mesma data da safra 2015/16. A região oeste já tem 98% da área semeada, restando apenas áreas marginais para encerrar o plantio. A situação é semelhante no noroeste do estado. Em compensação, a região nordeste tem apenas 33% da área já semeada, local onde as chuvas foram menos favoráveis.
Com isso, a estimativa média de produtividade do IMEA passou de 49,78 sacas por hectare em 2015/16 para 53,9 sacas por hectare no atual ciclo.
Também decorrente do adiantamento do plantio, Ângelo se mostra otimista quanto à possibilidade de uma ‘safrinha’ plantada toda dentro da janela ideal, a partir do início de fevereiro, o que aumenta o potencial produtivo do milho ‘safrinha’. O IMEA estima que a ‘safrinha’ pode render 91,5 sacas por hectare na safra 2016/17. No Mato Grosso, cerca de 45% da área utilizada para soja no verão é utilizada para o milho na ‘safrinha’.
A comercialização, ao contrário do plantio, se encontra atrasada em relação a anos anteriores. A estimativa é que até o início de novembro apenas 28% da soja que será colhida nos próximos meses havia sido vendida. A diferença chega a 20 p.p. frente aos 48% comercializados na safra anterior. A soja, que era vendida a 75 R$/saca há algumas semanas já está abaixo dos 65 R$/saca em importantes regiões do norte mato-grossense, segurando as vendas da oleaginosa.
Como fatores de risco para safra, Ângelo lembra que o plantio avançou em ritmo recorde, o que também deverá gerar uma concentração da janela da colheita entre janeiro e fevereiro. Dessa forma, o risco climático da ocorrência de invernadas, que impedem o trabalho de colheita no campo, pode afetar os agricultores mais para frente.
Até o momento a situação é extremamente favorável para a safra do Mato Grosso, com boas chuvas no plantio e bom desenvolvimento inicial das plantas. A pequena estiagem nesse começo de novembro deverá ser superada por novas precipitações nos próximos dias, levando ao bom desenvolvimento da soja. A única ressalva é mesmo a possibilidade da ocorrência de chuvas na colheita, que com a concentração do plantio, pode potencializar possíveis perdas na reta final da safra.
Fonte: Pedro Verges / StoneX