Sudeste Asiático, Irã e Norte da África lideraram embarques; portos do Arco Norte aumentam participação nas exportações do cereal
As exportações brasileiras de milho totalizaram 891,9 mil toneladas em março, volume 47,3% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, 605,6 mil toneladas. Os embarques do cereal nos portos do país já haviam superado a média dos últimos anos também em janeiro e fevereiro: no acumulado do ano, foram exportadas 6,870 milhões de toneladas de milho, ante 4,882 milhões no primeiro trimestre de 2018, expansão de 40,6%.
Embora as exportações de milho costumem se concentrar no segundo semestre, impulsionadas pela safrinha, o volume de embarques nos primeiros meses do ano tem chamado atenção. Além da oferta elevada, por conta do resultado razoável da safra verão, as exportações são favorecidas pela demanda internacional aquecida e preços competitivos em relação aos EUA—devido principalmente à recente desvalorização do real frente ao dólar.
No decorrer do primeiro trimestre do ano, o principal destino das exportações de milho brasileiras foi o sudeste asiático. Somados, Vietnã, Taiwan e Malásia importaram 2,531 milhões de toneladas do cereal—o que corresponde a 37,6% do total de embarques.
Ademais, outros parceiros comerciais relevantes foram o Irã, destino de 17,7% das exportações entre janeiro e março, e o norte da África: Egito, Marrocos e Argélia responderam por 15,6% dos embarques do trimestre.
Nesses países, o avanço populacional e crescimento da economia nos últimos anos têm promovido o aumento da importação de milho, usado principalmente como ração animal na avicultura e aquicultura—setores especialmente pujantes nesses países.
Dada a conjuntura atual, tal tendência de aumento das importações de milho nesses países, assim como de farelo de soja, deve se manter nos próximos anos.
Em relação aos portos exportadores, a principal porta de saída do milho brasileiro no primeiro trimestre foi o porto de Santos, com 2,086 milhões de toneladas em embarques. Ainda no eixo Sul-Sudeste, outros portos relevantes foram Paranaguá e Rio Grande, com um total de 1,202 milhões de toneladas do cereal exportadas.
Contudo, destaca-se o ganho de proeminência dos portos do Arco Norte nas exportações de milho. Em relação a 2018, os terminais de Belém, Manaus, Santarém e Itaqui registraram expansão significativa, sendo que o porto de Belém foi o segundo maior exportador no decorrer do primeiro trimestre. Ao mesmo tempo, os portos do eixo Sul-Sudeste apresentam estagnação.
Ao todo, os embarques pelos portos do Arco Norte totalizaram 2,881 milhões de toneladas entre janeiro e março, o que corresponde a 42,8% do total exportado no período. Em comparação, no mesmo período do ano passado, tal volume foi 35% inferior e respondeu por 38,3% do total.
A tendência de incremento na utilização dos terminais do Arco Norte para a exportação de grãos é notada ano a ano na última década. Com efeito, os investimentos em infraestrutura e logística na região, embora ainda no iniciais, devem fortalecer tal movimento nos próximos anos.
Perspectivas
Apesar da tendência sazonal de desaceleração, as exportações de milho devem continuar aquecidas ao longo de abril e maio. Nesse contexto, a competitividade em relação aos EUA e a necessidade de disponibilizar capacidade de armazenamento para acomodar a segunda safra devem contribuir para a manutenção dos embarques, embora em volumes inferiores.
De acordo com dados preliminares de Line Up, são previstas 434,6 mil toneladas de milho para embarque nos portos brasileiros em abril—valor que, caso confirmado, superaria as exportações no mesmo mês do ano passado, que totalizaram 115,6 mil toneladas.
Matéria escrita por Lucas Pereira, colaborador StoneX até agosto de 2019.