Exportações de óleo de soja em alta devem contribuir para balanço apertado

O ano de 2020 está sendo muito positivo para o mercado de soja, com as exportações do grão tendo ultrapassado 60 milhões de toneladas entre janeiro e junho. Entretanto, os subprodutos, farelo e óleo de soja, também estão registrando embarques aquecidos, mesmo diante das preocupações com a possibilidade de uma oferta restrita do grão para esmagamento no segundo semestre do ano.

No caso de óleo de soja, já foram exportadas, no primeiro semestre deste ano, 763,3 mil toneladas, com os embarques em junho atingindo o nível recorde mensal de 297 mil toneladas. Com isso, a estimativa de cerca de 1 milhão de toneladas a serem exportadas em 2020 está próxima de ser alcançada, situação contrária às expectativas iniciais, que apontavam continuidade de queda das exportações de óleo de soja, à medida em que a mistura obrigatória de biodiesel no diesel está aumentando. Em 2019, as exportações de óleo de soja ficaram em pouco mais de 1 milhão de toneladas, nível consideravelmente mais baixo que o embarcado em 2018, acima de 1,4 milhão de toneladas.

O principal destino do óleo de soja brasileiro continua sendo a Índia, que ocupa o posto de maior importador mundial. No mês de junho, cerca de 100 mil toneladas de óleo de soja foram enviadas à Índia e outras 100 mil à China.

Exportações mensais de óleo de soja – Brasil (mil toneladas)

Fonte: Comex Stat. Elaboração: StoneX Inteligência.

Esse cenário de exportações de óleo aquecidas contribui para as perspectivas de que o balanço de oferta e demanda do óleo de soja fique bastante apertado neste ano, a exemplo das perspectivas para o grão, com a possibilidade de estoques quase inexistentes.

Além de uma recuperação mais acelerada do consumo de diesel e consequentemente de biodiesel, o consumo de óleo de soja para refino e para a indústria alimentícia também é muito grande, respondendo por perto de 50% do total.

Atualmente, a Stone X estima que a produção de biodiesel alcance 6,48 bilhões de litros em 2020. Considerando que 70% do biodiesel produzido neste ano tenha como matéria-prima o óleo de soja (a média entre janeiro e abril está em 70%, segundo a ANP), o esmagamento de soja para atender a produção de biodiesel precisaria alcançar 22 milhões de toneladas de soja. Contudo, é preciso considerar também a matéria-prima discriminada pela ANP como outros materiais graxos, que é composta por mistura de “matérias-primas tradicionais em tanque e reprocessamento de subprodutos gerados na produção de biodiesel”. Como o óleo de soja reponde pela maior parte do biodiesel produzido no país, assume-se que a maior parte dessa categoria outros materiais graxos também é formada por óleo de soja.

Nos primeiros quatro meses de 2020, a categoria outros materiais graxos respondeu, em média, por 11,2% das matérias-primas do biodiesel. Dessa forma, num cenário em que 80% do biodiesel produzido no país viesse a partir do óleo de soja, considerando a maior parte do que entra em outros materiais graxos, haveria a necessidade de se esmagar 25 milhões de toneladas de soja somente para a produção do biocombustível (assumindo-se uma taxa de conversão da soja em óleo de 18%).

Participação das principais matérias-primas na produção de biodiesel (%)

Fonte: ANP. Elaboração: StoneX Inteligência.

Com um consumo aquecido de óleo de soja, em meio a balanços apertados tanto de soja quanto de óleo de soja, as perspectivas são de que os preços do óleo vegetal continuem muito fortalecidos no mercado interno, o que tem impactado também os preços do biodiesel e os preços finais do diesel, uma vez que o peso do biocombustível está aumentando, com a mistura atualmente em 12%.

 

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