Estimativas apontam para exportações de soja em 2018 ao redor de 70 milhões de toneladas, o que configuraria um novo recorde, com os embarques do produto brasileiros sendo ainda mais impulsionados pela quebra de safra da Argentina, que deve levar o país a exportar um volume ainda menor de soja em grão. “Os embarques brasileiros de soja devem continuar bastante aquecidos nos próximos meses, com volumes bem elevados inclusive no segundo semestre do ano, a exemplo do ocorrido no ano passado, quando foram exportadas mais de 24 milhões de toneladas da oleaginosa no período”, aponta a analista de mercado da consultoria StoneX, Ana Luiza Lodi.
As exportações brasileiras de soja ganharam força na semana encerrada em 20/04, quando somaram 3 milhões de toneladas, levando o acumulado de abril para 7,4 milhões de toneladas. Caso a média diária dos primeiros 15 dias úteis do mês seja mantida, as exportações devem superar 10 milhões de toneladas. Ressalta-se que desde o início de janeiro até a terceira semana de abril, os embarques de soja já somam 20,7 milhões de toneladas, nível próximo ao alcançado no mesmo período de 2017, quando foram exportadas 21 milhões de toneladas da oleaginosa.
Outro fator que pode favorecer ainda mais as exportações brasileiras é se a taxação de 25% da soja norte-americana pela China entrar realmente em vigor. “A procura pela soja brasileira está bastante aquecida, com os prêmios nos portos elevados, apesar de não estarem mais no pico alcançado quando essa taxação foi anunciada. No período do anúncio, inclusive, no começo de abril, o grão brasileiro perdeu competitividade em relação ao norte-americano, com o fortalecimento dos prêmios domésticos e a queda de preços nos EUA”, aponta Ana Luiza, da StoneX. Diante desse cenário, as vendas de exportação dos EUA foram favorecidas, alcançando um pico de negociações, até o momento, da safra 2018/19.
Considerando os dados mais recentes, a soja brasileira de Sorriso, exportada para a China, ainda chegaria R$ 42,00 por tonelada mais cara ao país asiático, em comparação ao grão norte-americano com origem em Iowa. Destaca-se que, além dos prêmios fortalecidos, os custos de frete também estão elevados, em meio ao período de grande procura por esse serviço. Nem mesmo a forte alta recente do dólar conseguiu compensar totalmente estes fatores que pesam sobre a competitividade brasileira.
Mesmo assim, nas duas últimas semanas, as vendas de exportação de soja dos EUA estão consideravelmente mais fracas, quase não havendo reportes diários do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o que acontece quando são vendidos volumes superiores a 100 mil toneladas. O último dado oficial, referente à semana encerrada em 19/04, indicou que foram negociadas 371,3 mil toneladas de soja da safra 2017/18 e 166,5 mil toneladas do ciclo 2017/18, volumes que ficaram abaixo do piso das estimativas, de 400 mil a 700 mil toneladas e bem inferiores aos registrados nas semanas imediatamente anteriores.