Os dados divulgados no início de abril pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) mostram que as exportações brasileiras de milho nos dois primeiros meses da safra 2017/18 tiveram um resultado razoavelmente bom. No acumulado de fevereiro e março foram embarcados 1,86 milhão de toneladas do cereal, um aumento de 154% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da elevação considerável, no início de 2017 o mercado brasileiro ainda se encontrava com um cenário de grande escassez de milho, resultado da quebra da safrinha em 2016.
No cenário atual, mesmo com a dificuldade de aquisição de milho no mercado interno e fortalecimento das cotações em praças nacionais, o que incentiva a venda para o consumo doméstico, ainda foi observado um resultado positivo. Entretanto, para o restante da safra, o desempenho da safrinha deverá ter grande impacto. Como a sazonalidade das exportações mostra (ver gráfico 1), no Brasil, os embarques tomam proporções significativas apenas no segundo semestre, após a colheita da segunda safra. Contudo, neste ano, outro ponto importante que deve afetar o volume exportado pelo Brasil é a quebra na Argentina.
Segundo a Bolsa de Rosário, a produção argentina neste ano deve ficar em 32 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 16% em relação ao total produzido na safra 2016/17 de 38 milhões de toneladas. O USDA, por sua vez, aponta que a Argentina teve na safra passada um consumo doméstico de 11,2 milhões de toneladas, deixando um saldo para exportação de 25,97 milhões de toneladas. Com isto, o país utilizou (consumo e exportações) cerca de 97,8% de toda a sua produção, sobrando muito pouco para alimentar os estoques.
Dessa forma, para manter o uso da produção em 97% e não reduzir seu consumo interno, a Argentina teria que reduzir suas exportações para algo como 20 milhões de toneladas, cerca de 6 milhões de toneladas a menos que na safra anterior. Esta menor oferta poderá ser suprida pelo Brasil, principalmente se safrinha tiver um bom desempenho para manter o cereal brasileiro competitivo. Caso sejam observados problemas com a safrinha e o país perca competitividade, estes 6 milhões de toneladas poderão ser supridos por outros países, com destaque para-os EUA, que segundo o USDA deverão terminar a safra 2017/18 com um elevado estoque de 55,4 milhões de toneladas.
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Matéria escrita por João Macedo, colaborador StoneX até janeiro de 2019.