O Fórum Agrícola do USDA é sempre muito aguardado pelo mercado, por indicar o que o Departamento está esperando para a safra nova norte-americana. Apesar de os números de balanço de oferta e demanda ainda poderem variar bastante, a área plantada acaba sendo uma informação muito aguardada.
Para o milho, a estimativa de área plantada ficou em 92 milhões de acres (37,23 milhões de hectares), dentro das expectativas do mercado e em linha com o número da StoneX.
No caso da soja, o USDA trouxe 90 milhões de acres (36,42 milhões de hectares), nível também dentro do esperado, mas abaixo da estimativa a StoneX, de 90,5 milhões de acres (36,6 milhões de hectares).
É importante destacar que esses números indicam crescimento de área para ambas as culturas no ciclo 2021/22, com aumento mais expressivo para a soja, em meio a um balanço apertado. Como destacado no relatório semanal divulgado em 15/02, os ratios estão favoráveis à oleaginosa, mas há espaço para avanço de área também de milho, destacando que o produtor norte-americano tem grande tradição e gosta de plantar o cereal, além da demanda estar aquecida.
Em relação ao trigo, também se espera um leve crescimento da área plantada no ciclo 2021/22, alcançando 45 milhões de acres (18,2 milhões de hectares). Destaca-se que esse crescimento é resultado do avanço do cultivo de inverno, enquanto se espera uma queda na semeadura de primavera, no norte das planícies do país.
Soja
Com um crescimento de área plantada de 2,8 milhões de hectares em relação ao ciclo anterior, o Fórum trouxe uma produção estimada para o ciclo 2021/22 de soja em 123,2 milhões de toneladas, o que, se confirmado, seriam quase 10 milhões de toneladas acima do registrado em 2020/21. Destaca-se que, além do aumento da área, uma produtividade dentro da tendência também superaria o alcançado no ciclo anterior, ficando, em média, em 3,42 toneladas por hectare.
Pelo lado da oferta, os números não apresentaram grande variação frente ao que é estimado para a safra atual. O Departamento espera um leve avanço do esmagamento, para um novo recorde de 60,1 milhões de toneladas, em meio a margens fortalecidas, enquanto as exportações cairam para 59,9 milhões de toneladas, abaixo das 61,3 milhões esperadas até agosto deste ano, assumindo-se um excedente exportável mais restrito.
De qualquer forma, mesmo com uma safra maior e um consumo um pouco menor, o balanço da safra 2021/22 ainda ficaria bastante apertado nos EUA, com os estoques finais estimados em 3,9 milhões de toneladas, pouco acima do esperado para a safra em andamento, de 3,3 milhões de toneladas.
Os preços físicos médios ao produtor foram estimados em USD 11,25 por bushel, levemente acima do ciclo atual.
Balanço de O&D EUA – SOJA
Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.
Milho
Com um crescimento de área de cerca de 500 mil hectares e também uma recuperação da produtividade média, que ficaria em 11,3 toneladas por hectare, seguindo a tendência histórica, a produção de milho foi estimada em 384,8 milhões de toneladas.
As expectativas pelo lado da demanda também são de crescimento, com o consumo doméstico avançando tanto para a ração (148,6 milhões de toneladas), quanto para etanol (132,1 milhões de toneladas), além das exportações, que poderiam alcançar 67,3 milhões de toneladas, destacando as fortes compras do cereal pela China.
Com isso, mesmo com uma expectativa de aumento da produção em quase 15 milhões de toneladas, os estoques finais devem crescer pouco, alcançando 39,4 milhões de toneladas, 1,2 milhão acima do esperado para a ciclo atual.
Assim, os preços físicos médios estimados pelo USDA ficaram 10 centavos mais baixos, em USD 4,20 por bushel, o que é um dos fatores que devem incentivar o aumento do consumo interno para ração.
Balanço de O&D EUA – MILHO
Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.
Trigo
No caso do trigo, mesmo com o leve crescimento da área plantada, a expectativa para 2021/22 é de estabilidade da produção, que ficaria em 49,7 milhões de toneladas.
No caso da demanda, a expectativa é de aumento do consumo interno, humano e para ração, enquanto as exportações devem cair para 25,2 milhões de toneladas, com perspectiva de aumento da competição com países da Europa. Com isso, o uso total do cereal norte-americano tende a ser 1,2 milhão de toneladas menor que o esperado para o ano safra 2020/21.
Mesmo assim, os estoques finais devem cair, sendo projetados em 19 milhões de toneladas, resultado de um início de ciclo com estoques de passagem já mais baixos.
Segundo o USDA, esse balanço mais apertado deve resultar em preços físicos médios de USD 5,50 por bushel na safra 2021/22, 50 centavos acima do ciclo atual.
Balanço de O&D EUA – TRIGO
Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.