A Bolsa de Cereais de Buenos Aires deu por encerrada a colheita da safra de soja 2018/19 no começo de julho. Com isso, de acordo com a instituição, a Argentina produziu 56 milhões de toneladas da oleaginosa neste ciclo, nível 60% maior que o registrado na safra 2017/18, quando uma quebra severa, devido ao excesso de chuvas em alguns períodos e à seca em outros, afetou as lavouras do país. Destaca-se que essa produção é resultado de uma produtividade recorde, em 3,36 toneladas por hectare, superando o maior nível anterior, de 3,18 toneladas por hectare, na safra 2014/15.
No caso do milho, a colheita ainda está em andamento, tendo alcançado 61% da área total até a última quinta-feira (18). As perspectivas se mantêm muito positivas, com a produtividade média do que já foi colhido até o momento (31,4 milhões de toneladas) alcançando 8,72 toneladas por tonelada. Diante desse cenário, a estimativa de produção da Bolsa de Buenos Aires foi mantida em 48 milhões de toneladas.
Esse resultado favorável da safra 2018/19 abre espaço para um aumento das exportações de soja em grão, dos subprodutos, e do milho, que foram muito prejudicadas pela quebra severa registrada no ano passado.
O ano safra de exportações da Argentina para o complexo de soja (segundo os dados oficiais do país) vai de abril a março e, para o milho, de março a fevereiro. Dessa forma, nos dois primeiros meses do ano safra da soja 2018/19 (abril e maio de 2019) foram exportadas 2,24 milhões de toneladas da oleaginosa (excluindo-se sementes), volume 240% superior ao registrado no mesmo período de 2018 para a safra 2017/18. Cabe notar, também, o crescimento dos embarques de farelo de soja, que respondem pela maior parte das exportações do complexo da oleaginosa. No acumulado de abril e maio, as exportações deste subproduto da soja aumentaram 22% em relação ao mesmo período de 2018, alcançando 5,15 milhões de toneladas. Destaca-se, contudo, que estes aumentos dos volumes exportados não foram acompanhados em termos monetários, uma vez que os preços da soja estão mais baixos que em 2018.
Em relação ao milho, as exportações acumuladas em fevereiro, abril e maio de 2019 (três primeiros meses do ano safra 2018/19) atingiram 11,7 milhões de toneladas, volume 70% superior ao registraram na soma dos mesmos meses de 2018.
No caso da soja, a exportação do produto em grão não é o foco do país, que concentra seus embarques nos subprodutos da oleaginosa. Mesmo assim, as estimativas indicam um aumento dos embarques no ano safra 2018/19. O USDA, apesar de utilizar um ano safra diferente dos dados oficiais da Argentina, espera exportações em 8,75 milhões de toneladas, nível bem acima do ano safra anterior e do registrado em 2016/17, em 2,1 milhões de toneladas.
Para o milho, com o aumento da disponibilidade, o cereal deve encontrar demanda forte no mercado externo, favorecida, também, pela moeda depreciada. A oferta de milho norte-americano tende a reduzir as exportações dos EUA, com a demanda internacional migrando para outros países, como a Argentina (além do Brasil). Cabe lembrar que a Argentina ocupou o posto de segundo maior exportador de milho, atrás dos EUA, sendo ultrapassada pelo Brasil no começo desta década. As expectativas para as exportações argentinas do cereal na safra 2018/19 estão acima de 30 milhões de toneladas, com o USDA estimando os embarques do milho do país em 35 milhões de toneladas, o que seria um recorde histórico.