A preferência por ativos mais seguros tende a se intensificar em períodos de aversão ao risco nos mercados globais – tendência que usualmente é marcada pela maior busca pelo dólar. O conflito entre Rússia e Ucrânia trouxe impactos sobre a posição dos investidores, mas os desdobramentos sobre o setor petrolífero receberam destaque – atuando como fator de suporte para os preços das commodities agrícolas.
De fato, as últimas semanas foram marcadas por maior volatilidade no mercado de petróleo – com o Brent chegando a tocar a máxima de US$ 139,13/barril. Ainda que fatores altistas permaneçam atuando, os fundamentos de O&D já apontam para um superávit a partir do segundo trimestre de 2022 – o que pode conferir relativo alívio para os futuros do óleo bruto no médio prazo. Para além do setor energético, entender as perspectivas cambiais recebe relevância neste contexto, sobretudo para monitorar a lucratividade das usinas sucroenergéticas e as decisões em relação ao mix produtivo do ciclo 2022/23 (abr-mar).
Perspectivas macroeconômicas
A pandemia de Covid-19 e seus desafios provocou mudanças significativas ao panorama macroeconômico mundial. Pelo lado da oferta, sobrecargas expressivas se acumularam sobre as cadeias logísticas globais e sobre a cadeia produtiva de bens duráveis de consumo, que sofreram com estoques reduzidos, acúmulos de pedidos e interrupções produtivas causadas pelas paralisações para frear a onda inicial de contágio do novo coronavírus. Pelo lado da demanda, em virtude das medidas de confinamento, os governantes promoveram políticas fiscais e monetárias de estímulo econômico a fim de evitar uma recessão econômica, o que impulsionou o consumo por bens. Com a vacinação em massa e a retomada das atividades, a demanda se manteve elevada, enquanto as dificuldades produtivas e de logística permaneciam, resultando em uma aceleração de preços elevada, persistente e disseminada ao longo de 2021 para a maior parte das economias globais.