Perspectivas para o plantio de trigo no Brasil

Segundo o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), o estado deve colher uma safra de verão de grãos, no ciclo 2018/19, de 19,9 milhões de toneladas,13% a menos que a safra anterior, de 22,7 milhões de toneladas.

Essa quebra de safra teve como causa as condições climáticas na região, com o registro de estiagem, chuvas excessivas e altas temperaturas ao longo do período de desenvolvimento dos grãos, trazendo prejuízos. O Deral ressalta que, atualmente, o clima está mais ameno, com recuperação do regime de chuvas, o que deverá favorecer a segunda safra de grãos, cuja principal cultura é o milho.

Para o trigo, contudo, a previsão, por enquanto, é de estabilidade na área plantada em cerca de 1,1 milhão de hectares, uma vez que o produtor está desanimado com o preço do cereal. Entretanto, como ainda é relativamente cedo, um aumento dos preços do trigo pode acabar motivando algum ganho de área.

No Paraná, o início do plantio dá-se em abril e intensifica-se entre maio e julho. Ainda que as duas últimas safras tenham sido prejudicadas, em função das condições climáticas desfavoráveis, a perspectiva de redução da safra mundial do cereal pode configurar algum incentivo ao plantio de trigo no estado. O dólar mais valorizado, que encarece as importações das quais o país depende, também é uma preocupação.

Em meio a esse cenário, o produtor paranaense pode ter um incentivo para investir mais na cultura. O Deral destaca que, se as condições climáticas forem favoráveis, a safra do cereal pode crescer
30%, mesmo com uma estabilidade da área.

O Paraná, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, corresponde a mais de 50% da produção brasileira de trigo. Na temporada passada, a safra paranaense do cereal ficou em 2,8 milhões de toneladas.

Entretanto, independentemente da alta do dólar, que torna as importações mais caras, e impacta os produtos à base de trigo, o Brasil continuará dependente de importações, uma vez que se busca um cereal de maior qualidade no mercado internacional. Além disso, é interessante notar que a questão do déficit na produção de milho para consumo animal desperta interesse no trigo como alternativa.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o trigo pode suprir o déficit de milho que chega a quase 5 milhões de toneladas, se somadas às necessidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, outros estados da região sul grandes produtores do cereal.

Então, o mercado de ração é potencial para o trigo, apesar de ajustes nutricionais serem necessários para ocupar esse papel de substituto em todas as categorias animais. Durante o processamento industrial do trigo, cerca de 70% da massa de grãos é convertida em farinha e os 30% restantes são subprodutos, normalmente comercializados como farelo de trigo, rico em fibra e com alto teor proteico (15,5%).

A proteína do farelo de trigo é altamente degradável no rúmen, por isso os bovinos são os maiores consumidores da ração de derivados do trigo, enquanto o consumo das rações de milho, farelo de soja e sorgo é mais elevado entre aves e suínos.

Dessa forma, o subproduto da moagem de trigo consiste em um recurso alimentar pouco explorado mas com potencial, visto que o déficit na produção de milho para consumo animal no sul do país, cria oportunidade de mercado para os produtores de trigo.

Matéria escrita por Isabela Mendes, colaboradora StoneX até abril de 2019.

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