As condições do balanço de oferta e demanda global de soja se mantêm mais confortáveis, deixando um espaço limitado para aumentos consideráveis dos preços. Entretanto, num mercado de demanda aquecida e de oferta concentrada em poucos países, qualquer problema com a safra sul-americana nos próximos meses pode mudar a situação, oferecendo fundamentos para níveis de preços mais elevados.
“Com a proximidade do final do ano, as atenções do mercado de soja começam a se voltar para o Brasil e a Argentina, uma vez que estes dois países irão concentrar a semeadura de suas respectivas safras da oleaginosa nos últimos meses deste ano”, afirma a consultoria StoneX, em relatório.
No caso brasileiro, a ausência de precipitações no centro sul do país até o final de setembro trouxe preocupações para os sojicultores em regiões importantes, como Mato Grosso e Paraná, visto que a umidade regular do solo durante o início do plantio é fundamental para o desenvolvimento das sementes, além de diminuir as chances de perda das áreas semeadas.
“Algumas localidades estão com atraso no plantio neste período inicial, contudo, ainda sem maiores perdas”, alerta a StoneX. Mesmo com esta condição, as previsões apontam uma normalização do regime de chuvas em outubro, o que permitirá o progresso da semeadura nessas regiões, além do plantio em outros estados, ressaltando que as estimativas a produção brasileira estão além das 100 milhões de toneladas, novamente.
Já no caso argentino, há alguma preocupação de que o excesso de umidade no solo, devido ao grande volume de chuvas recente, possa vir a atrasar o plantio local. Este risco climático se dá em um cenário em que já se espera um ciclo com área menor em relação à da safra 2016/17, sendo que a permanência do imposto de exportação para a oleaginosa na Argentina continua deixando os produtores do país menos animados com a cultura.
Destaca-se, também, a apreensão em relação à possibilidade de ocorrência do efeito climático La Niña no final do ano, dado que este tende a deixar o clima mais seco na região sul do Brasil e na Argentina durante a fase de desenvolvimento das plantações. Apesar disso, os modelos matemáticos atualmente apontam que, caso venha a ocorrer o La Niña, este deve ser classificado como de baixa intensidade.