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Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.

Safra Argentina pode modificar balanço mundial de soja

HÁ DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS NAS ESTIMATIVAS DE PRODUÇÃO DO PAÍS, DESTACANDO QUE AS RETENCIONES ACABAM PESANDO SOBRE A ÁREA PLANTADA

As perspectivas para a oferta de soja mudaram significativamente no decorrer de 2021. O ano começou com estimativas de um balanço de oferta e demanda bastante apertado nos EUA, além de o Brasil ter encerrado a safra 2019/20 com estoques muito baixos. Depois, a safra brasileira 2020/21 acabou sendo um recorde, mesmo com questões climáticas afetando o potencial das lavouras em vários estados.
Atualmente, espera-se que a produção mundial 2021/22 alcance 384 milhões de toneladas, segundo o USDA, superando o consumo e resultando em crescimento dos estoques finais. Contudo, é importante lembrar que a produção da oleaginosa é muito concentrada em três países, Brasil, EUA e Argentina, com qualquer mudança na disponibilidade em um deles podendo trazer impactos significativos para o equilíbrio entre a oferta e a demanda global.
Produção e Consumo de soja – Mundo (milhões de toneladas)
Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.
Nesse contexto, a safra da América do Sul está no centro das atenções, com o plantio em andamento, enquanto a colheita norte-americana caminha para o final. No Brasil, tudo indica um novo recorde de produção, com o último número da StoneX em 144,7 milhões de toneladas. Por outro lado, as primeiras estimativas para a Argentina já trazem divergências.
Em seu relatório de novembro, o USDA revisou o número da produção 2021/22 argentina para baixo, passando de 51 para 49,5 milhões de toneladas. Entretanto, ainda permanece uma diferença significativa para a projeção da Bolsa de Buenos Aires, que está em 44 milhões de toneladas. Com isso, o Departamento de Agricultura espera uma produção 5,5 milhões de toneladas acima do estimado pela instituição argentina.
Fazendo um exercício rápido, essa estimativa mais baixa para a Argentina já praticamente “apagaria” a vantagem da produção sobre o consumo mundial neste ciclo, que hoje está prevista em 6 milhões de toneladas, segundo os números do USDA. Dessa maneira, por mais que as indicações sejam de um alívio pelo lado da oferta de soja ao redor do mundo, os próximos meses precisam ser acompanhados, com o desenvolvimento da safra na América do Sul, num momento de possíveis impactos do fenômeno La Niña, que pode resultar em um clima mais seco na Argentina e em áreas do Sul do Brasil.
Além da preocupação com o clima, a área plantada de soja na Argentina deve cair, ficando em 16,5 milhões de toneladas, também de acordo com a Bolsa de Buenos Aires. A semeadura no país alcançou 28,6% dessa área prevista na última quinta-feira, com boas chuvas ocorrendo na maior parte da região produtora.
Ressalta-se que essa queda da área plantada de soja na Argentina reflete as taxas mais elevadas que o complexo da oleaginosa está sujeito nas exportações (retenciones), em comparação com outras culturas, com o milho e o trigo, que acabam tendo margens mais atrativas, devido à carga tributária menor.
Apesar de as retenciones já serem um mecanismo de arrecadação tributária antigo na Argentina, o Governo Kirchner aumentou significativamente a incidência sobre a soja no ano de 2007, alcançando 35%, percentual acima do registrado para o milho e o trigo. Desde então, essa taxação tem sido extremamente importante para a arrecadação do governo, com os percentuais variando, dependendo da situação econômica do país e do perfil político de quem ocupa a Casa Rosada.
De qualquer forma, as retenciones afetam o volume produzido de grãos, com migração de área entre as culturas. No ciclo 2005/2006, a Argentina produziu pouco mais de 40 milhões de toneladas de soja, alcançando um recorde de 61,5 milhões em 2014/15, devendo voltar a cair abaixo de 50 milhões nesta safra, 2021/22.
Por outro lado, o Brasil, que conta com a vantagem de possuir áreas para expansão da agricultura, sem a necessidade de avançar sobre outros produtos, passou de uma produção de 57 para mais de 144 milhões de toneladas no mesmo período. Movimento semelhante foi observado nos EUA, com 83,5 milhões de toneladas produzidas em 2005/06, contra 120,4 neste ano.
Assim, a Argentina tem perdido participação na oferta mundial de soja, não somente devido ao forte avanço do percentual brasileiro no total, mas também como resposta aos impactos das retenciones sobre o cultivo da oleaginosa no país.
Produção de soja por país e participação no total (milhões de toneladas)
Fontes: USDA e BCBA (safra 2021/22 da Argentina). Elaboração StoneX.

Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.

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