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João Lopes

Graduado em Ciências Econômicas pela UNICAMP. Integra o time da Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil desde 2019 nos mercados de Grãos e Pecuária.
Este texto teve a colaboração de Ana Luiza Lodi.

Soja e milho: Tamanho das safras na Argentina vai afetar balanço mundial em 2023

Apesar das chuvas recentes registradas no país, as condições das lavouras estão piores que em anos anteriores

Pelo terceiro ano consecutivo, os produtores de grãos sul-americanos estão presenciando os efeitos do fenômeno La Niña, que costuma resultar na escassez de chuvas no sul do continente, em especial no Uruguai, Sul do Brasil e Argentina. Com uma maior incerteza envolvendo o regime de chuvas e as temperaturas, o desenvolvimento da safra de grãos da América do Sul tem sido seguido de perto.

As safras brasileiras de soja e milho verão já foram afetadas pelo clima, mas a expectativa ainda é de uma produção recorde de soja e milho – considerando as 3 safras – e, atualmente, a maior preocupação recai sobre as lavouras argentinas.

O plantio dos grãos já está em sua reta final no país. Segundo relatório divulgado no último dia 02 de fevereiro pela Bolsa de Cereales de Buenos Aires (BCBA), o plantio da área de 16,2 milhões de hectares de soja já estava completo, ao passo que 96% da safra de milho havia sido semeada, contra média de 92,2%.

Contudo, tanto para a oleaginosa como para o cereal, o ritmo de plantio foi consideravelmente mais lento que a média, fazendo com que boa parte da safra se desenvolvesse em um período não considerado o ideal.
 

Plantio da safra de milho (%)*

Fonte: BCBA e StoneX. Elaboração: StoneX. *Média, mínimo e máximo se referem ao período entre as safras 17/18 e 21/22

 

 

Plantio da safra de soja (%)*

Fonte: BCBA e StoneX. Elaboração: StoneX. *Média, mínimo e máximo se referem ao período entre as safras 17/18 e 21/22

 

Além do atraso no plantio, a irregularidade e a escassez das chuvas têm feito as lavouras argentinas apresentarem condições muito adversas para o desenvolvimento das plantas.

Segundo acompanhamento da Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), em 02/02, 22% da safra de milho do país se encontrava em condição boa ou excelente (aumento de 10 p.p. em uma semana), contra 31% no mesmo período da temporada 2021/22 e média de 5 anos em 36%.

Entre 2017/18 e 2021/22, a pior condição observada na mesma semana foi em 2020/21, quando 24% das lavouras se encontravam em condição boa/excelente.

 

 

 Porcentagem das lavouras de milho em condição boa/excelente*

Fonte: BCBA  e StoneX. Elaboração: StoneX. *Média, mínimo e máximo se referem ao período entre as safras 17/18 e 21/22

 

No caso da soja, apenas 11% da safra do país se encontrava em condição boa ou excelente, contra 35% no mesmo período da temporada 2021/22 e média de 5 anos em 36,4%.

Entre 2017/18 e 2021/22, a pior condição observada na mesma semana foi em 2020/21, quando 19% das lavouras se encontravam em condição boa/excelente.

 

 

Porcentagem das lavouras de soja em condição boa/excelente*

Fonte: BCBA e StoneX. Elaboração: StoneX. *Média, mínimo e máximo se referem ao período entre as safras 17/18 e 21/22

 

Em função desse cenário pouco favorável para a safra argentina de grãos, o USDA reduziu suas estimativas para as safras 2022/23 de soja e milho do país em seu relatório de oferta e demanda de janeiro. No caso do cereal, o Departamento realizou um corte de 3 milhões de toneladas em seu número, para 52 milhões, enquanto para a oleaginosa, a redução foi de 4 milhões de toneladas, para 45,5 milhões.

A Bolsa de Rosário trouxe o ajuste mais agressivo, com uma redução de 12 milhões de toneladas na produção de soja 22/23, que ficaria em 37 milhões de toneladas.

A instituição ainda não divulgou seu número oficial para a safra do cereal, mas de acordo com seu informe especial deste mês, em um cenário normal, poderia esperar-se 50 milhões de toneladas. Contudo, em função dos graves problemas com o plantio e as perdas produtivas esperadas, o volume deverá ficar em torno de 45 milhões de toneladas.

A Bolsa de Buenos Aires também promoveu um corte significativo, de 7 milhões de toneladas, na safra de soja, com a produção esperada ficando em 41 milhões.

Além dos impactos adversos da falta de chuvas no país, a BCBA reduziu em 500 mil hectares a área plantada da oleaginosa, passando para 16,2 milhões de hectares, em consequência das perdas registradas devido a temperaturas muito elevadas e do encerramento da janela de plantio nas regiões do centro da área agrícola do país.

 

Produção de soja na Argentina (milhões de toneladas)

Fonte: BCBA e StoneX. Elaboração: StoneX. *Estimativa

 

Considerando uma área plantada de 16,2 milhões de hectares e uma taxa de abandono de 4,9% (média das últimas 5 temporadas), seria necessária uma produtividade de 2,66 ton/ha para atingir as 41 milhões de toneladas estimadas pela Bolsa de Cereales, número inferior à média dos últimos 5 anos (2,79 ton/ha), mas ainda assim elevado ao considerar que o ritmo de plantio e as condições de safra ficaram consideravelmente abaixo da média por várias semanas.

Na temporada 2017/18, por exemplo, o rendimento médio foi de 2,18 ton/ha, e naquela temporada as condições das lavouras estavam em condições melhores que as trazidas atualmente pela Bolsa.

 

 

 Produção de milho na Argentina (milhões de toneladas)

Fonte: BCBA e StoneX. Elaboração: StoneX. *Estimativa

 

O cenário para o milho é semelhante. A instituição estima a produção do cereal em 44,5 milhões de toneladas.

Considerando a área plantada de 7,1 milhões de hectares e a taxa média de abandono dos últimos 5 ciclos de 3,1%, seria necessária uma produtividade de 6,47 ton/ha, número abaixo da produtividade média das últimas 5 safras (7,44 ton/ha), mas acima do observado em 2017/18 (6 ton/ha), temporada em que, apesar de a Argentina registrar uma expressiva quebra de safra, as condições das lavouras estavam melhores que as do ciclo atual, segundo acompanhamento da BCBA

Diante desse cenário, o clima na América do Sul vai continuar central nas próximas semanas, mesmo com a ocorrência de chuvas recentes, destacando parte importante das lavouras ainda precisa passar por fases reprodutivas, que demandam umidade adequada.

Destaca-se que, as condições das lavouras estão significativamente mais adversas que nos últimos anos e, portanto, novas reduções de produção não podem ser descartadas, o que acentuaria o aperto no balanço global dos grãos, que já não está em uma situação folgada.

João Lopes

Graduado em Ciências Econômicas pela UNICAMP. Integra o time da Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil desde 2019 nos mercados de Grãos e Pecuária.
Este texto teve a colaboração de Ana Luiza Lodi

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