Encerrada nossa passagem por Mato Grosso na fase do plantio, a Expedição Safra chega em Rio Verde, estado de Goiás
A região tradicionalmente apresenta uma janela de plantio mais tardia em relação ao MT, tanto pela questão regulatória como climática. Na região o vazio sanitário se encerra em 1º de outubro, 15 dias após o encerramento no MT. As chuvas também demoram mais a se firmar e demandam mais paciência dos agricultores no momento de plantio.
Logo na chegada à cidade, vamos à sede da COMIGO (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano), onde somos recebidos por Samir Machado e Winicius Lima Leão, respectivamente jornalista e engenheiro agrônomo da cooperativa. A perspectiva geral da região também é positiva, principalmente em relação às últimas safras, quando o clima foi problema. Até agora não está sendo.
Com isso, o plantio evoluiu de maneira satisfatória, dentro do esperado pelos agricultores, entre 1º de outubro e 5 de novembro. O investimento em tecnologia também foi bom, segundo Winicius. Foram feitos tratos no solo, como gradagem pesada e gesso, buscando uma melhoria do perfil do solo.
Em relação a problemas de pragas e doenças, a situação é similar ou até mesmo melhor do que em outras safras. A helicoverpa não está sendo um grave problema até o momento e se encontra sob controle. Nas ervas daninhas, o amargoso continua sendo um problema, mas está sob controle. A buva reduziu sua ocorrência e está exigindo menos trato cultural.
Ainda dentro da COMIGO, encontramos com o produtor Fábio Cesca, que produz cerca de 800 hectares na região e também está otimista com o início da safra. Ano passado Fábio colheu 54 sacas, um bom resultado apesar da ocorrência de veranicos. Esse ano ele plantou 10 dias mais cedo, entre os dias 6/10 e 26/10, e espera uma produtividade acima das 60 sacas por hectare. Seu plantio está distribuído em 75% resistente a lagarta e 25% resistente apenas ao glifosato.
O produtor confirma a análise do técnico da COMIGO. Ele realizou um investimento 10% maior em sua lavoura, aplicando gesso, calcário e agricultura de precisão.
Na safrinha, Fábio pretende fazer 100% da área com milho, mesmo após registrar uma produtividade de apenas 40 sacas por hectare de milho no início de 2016. A média de anos anteriores foi acima de 127 sacas, o que representa uma quebra de 70% ou mais.
Na comercialização, Fábio aproveitou alguns bons preços e já fixou 50% da soja. No entanto, o milho foi vendido apenas em quantidade contada, cerca de 20%. A quebra da safra passada deixou um pequeno volume a saldar para esse ano.
Ainda em Rio Verde, encontramos com Jalel Bertoti, que além de agricultor, também presta consultoria agronômica para produtores da região. Seus 485 hectares foram semeados com soja na primeira safra, com boa germinação e desenvolvimento inicial. Para segunda safra, ele se dividirá entre milho safrinha e outras culturas, dependendo do local em que ele está realizando o cultivo. A decisão sobre qual cultura será utilizada ainda não foi tomada.
Com essa visita encerramos nossa parada em Rio Verde e pegamos o “trecho” em direção à Itumbiara, já no limite entre os estados de Goiás e Minas Gerais. No caminho para cidade já podemos observar alguns locais onde o plantio ainda está ocorrendo, sugerindo um clima menos favorável na região.
De fato, quando chegamos para nossa reunião com Laerte Carra, o “Xuxa”, que atua como vendedor de insumos em uma revenda e também corretor de grãos da cidade, confirmamos que o plantio na região foi normal, mas não antecipado como mais ao norte. Nessa linha, a comercialização também está se mantendo em pequeno volume, com produtores ainda cautelosos e esperando melhores preços. Na ótica do corretor, o produtor ainda tem oportunidades para explorar, melhorando sua gestão financeira.
Em seguida partimos para última visita de nosso trecho MT-GO, visitando o produtor Natal Moura, que cultivará 410 hectares de soja na safra de verão 2016/17. A perspectiva também é boa para Natal, que realizou todo seu plantio dentro da janela ideal e espera que a produtividade da safrinha possa ser boa em decorrência disso. Sua expectativa é colher 59 sacas por hectare esse ano. Ano passado o produtor teve sérios problemas com a safrinha, havendo áreas onde nem mesmo foi realizada a colheita. A produtividade final dele ficou em cerca de 30 a 50 sacas por hectare nas áreas onde houve colheita.
Com essa visita chegamos ao fim dessa perna da Expedição Safra. O clima é de otimismo, com plantio adiantado ou dentro do normal, e quase nenhum relato de problemas. Os pontos que devem continuar sendo observados é a concentração do plantio em um pequeno espaço de tempo. Caso haja invernadas, problemas na colheita podem ser potencializados.
Também há de se ficar atento às oportunidades de comercialização, uma vez que ainda há muita soja não vendida para essa época do ano. A recente alta do dólar deve atuar nesse sentido. Aguarde por mais posts da Expedição Safra na próxima semana, quando nosso roteiro passará por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde o plantio ainda ocorre.
Fonte: Pedro Verges / StoneX