Uso do óleo de soja para biodiesel perde participação em 2019

Em 2019, o Brasil produziu 5,9 milhões de m³ de biodiesel, um crescimento de pouco mais de 10% frente ao registrado em 2018. Cabe lembrar, contudo, que esse aumento ficou aquém do que se esperava anteriormente, uma vez que a entrada em vigor do B11 (mistura de 11% de biodiesel no diesel) sofreu um atraso significativo, passado a valer somente a partir de setembro e não em junho, com previsto após a autorização do aumento da mistura obrigatória até 15% em 2023.

Considerando que o cronograma de aumento da mistura até 2023 vai ser mantido, quando o percentual obrigatório de mistura será de 15%, a produção de biodiesel neste ano deve ficar ao redor de 9,5 milhões de m³.

Essa estimativa de produção está totalmente atrelada ao desempenho da economia, que afeta o consumo de diesel. Dessa forma, o potencial consumo de diesel e de biodiesel por meio da mistura obrigatória ainda pode mudar, caso o crescimento da economia seja muito diverso do que se estima atualmente até 2023.

Mesmo com algumas divergências nas estimativas para o crescimento da produção de biodiesel, as expectativas para o setor são muito positivas, diante da previsão e aumento de 1 p.p. na mistura obrigatória por ano, até 2023. Esse maior consumo do biodiesel impacta diretamente a demanda interna pelo óleo de soja, que continua sendo a principal matéria-prima utilizada.

Por outro lado, destaca-se que a participação do óleo de soja entre as matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel em 2019 caiu pela primeira vez abaixo de 70%, apesar de em termos absolutos o uso do óleo vegetal para esse fim, e consequentemente da soja, tenha crescido.

Em segundo lugar, empatados com 11,4% do total, ficaram a gordura bovina e a categoria outros materiais graxos, cuja composição não é discriminada pela ANP, mas que deve conter quantidade significativa de óleo de soja.

Matérias –primas para biodiesel em 2019 (%)

Fonte: ANP.

Destaque para o óleo de milho, que alcançou uma participação de 1,94% em 2019 entre as matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel, contra apenas 0,1% em 2018. Apesar de ainda ser um percentual pequeno, o crescimento foi significativo. O aumento da produção de etanol de milho no Brasil também tem impactado a produção de óleo a partir do cereal, uma vez que várias usinas utilizam tecnologia que extrai o óleo. Além desse crescimento da participação na média do ano, o mês de novembro surpreendeu, pois 22% do biodiesel produzido no país foi feito a partir do óleo de milho, segundo a ANP. Não por coincidência, foram as usinas de biodiesel do Centro-oeste (onde se localiza quase a totalidade da produção de etanol de milho) que utilizaram maiores volume de óleo de milho como matéria-prima em novembro, com o óleo vegetal respondendo por 42% de todas as fontes.

Apesar de o resultado de novembro ter sido um ponto fora da curva, com as excelentes perspectivas para o crescimento da produção de etanol de milho, com muitas usinas extraindo o óleo, a participação como matéria-prima na produção de biodiesel tende a ter espaço para crescer.

De qualquer maneira, o posto de primeiro lugar ocupado pelo óleo de soja não deve ser ameaçado, com o uso da soja para a produção de biodiesel continuando a aumentar. Em 2019, estima-se que 19,4 milhões de toneladas do grão foram esmagadas somente para a produção do biocombustível.

Consumo de soja para biodiesel (milhões de toneladas)

Fonte: Conab e StoneX. *Estimativa. (68% do biodiesel produzido a partir de óleo de soja)

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