De acordo com avaliação da StoneX, produtor teme a não concretização do crédito previsto e o aumento de juros; área da oleaginosa pode avançar apenas 2%
A expansão da soja tem dado sinais de desaceleração no Brasil. Em parte, isso ocorre por influência do atual contexto político e econômico do país, que pode dificultar os investimentos para a safra 2016/17. “O financiamento, seja público ou por meio de barter, é prática comum para se conseguir os recursos para o custeio da safra. Com a crise econômica, as limitações estão sendo decisivas para o plantio”, avaliou a Coordenadora de Inteligência de Mercado da StoneX, Natália Orlovicin, durante evento realizado em São Paulo na última quarta-feira (18).
A consultoria realizou um cenário para calcular as prévias esperadas para a próxima safra. Os cálculos apontaram área plantada de 33,8 milhões hectares de oleaginosa no Brasil, valor que representa um aumento de apenas 2,1% em relação ao ciclo 2015/16.
“Realmente ainda não acreditamos em uma queda de área, mas sim em uma expansão menor do que ocorreu em 2015/16”, avalia Natália, que também lembrou que essa desaceleração vem sendo constatada desde a safra iniciada em 2015. Utilizando uma base de dados de Sorriso, Mato Grosso, o cenário também indicou custo de produção em R$ 56 por saca e preço de venda em R$ 63 por saca, o que garantiria margem de R$ 7 (por saca).
A pesquisa prévia realizada com produtores rurais pela consultoria constatou que as principais preocupações com o próximo ciclo giram em torno da compra de fertilizantes, do aumento de juros e das incertezas relacionadas à liberação de crédito agrícola.
Ainda segundo estimativa da StoneX, considerando o aumento estimado de 20% para o crédito deste ano (conforme divulgado), o total para a safra de soja ultrapassaria os 25 bilhões de reais, um montante que permitiria ao produtor o investimento de 8% a mais de fertilizantes em relação às aquisições de 2014.
Plano Safra 2016/17 – equivalente do crédito na aquisição de fertilizantes
*Aumento de 20% estimado para 2016; Fonte: StoneX
A concretização do valor prometido ao produtor rural, no entanto, gera dúvidas em virtude da crise política brasileira. “Por mais que haja sinalização do crédito apontado, há desconfiança de que seja factível, dada a possibilidade de cortes fiscais”, ponderou o Diretor de Inteligência de Mercado, Thadeu Silva.
Frete
Durante apresentação das perspectivas para a próxima safra, a StoneX também lembrou que as despesas relacionadas ao frete também podem ser decisivas. Com a valorização cambial, os preços da soja aumentaram significativamente em reais, enquanto os fretes se mantiveram praticamente estáveis.
A avaliação da consultoria aponta que o resultado disso foi uma redução da participação do frete no preço final de venda, aumentando relativamente o valor que é pago aos produtores.
“Houve uma manutenção dos preços do frete da soja nos últimos três anos. O produtor conseguiu se apropriar mais do preço da oleaginosa. Acredito que temos tudo para continuar diminuindo a participação do frete no custo do produtor, ainda mais com os avanços logísticos dos últimos anos”, resume Natália Orlovicin.
Fonte: Comunicação StoneX / [email protected]