Com o aumento no plantio de cana-de-açúcar nos principais estados produtores do Nordeste brasileiro no ano passado e o clima chuvoso registrado nos primeiros quatro meses do ano favorecendo novos canaviais, a StoneX estima incremento na oferta de cana para a safra 2018/19 no Norte-Nordeste do Brasil. Com avanço de 2,8% em relação à safra 2017/18, a consultoria calcula processamento de 46,5 milhões de toneladas de cana no ciclo atual.
“Este volume, mesmo que seja maior que as duas últimas safras, ainda está significativamente abaixo do que a região processou de cana entre 2005 e 2014, período no qual moagem variou entre 55 e 70 milhões de toneladas”, explica o analista de mercado da StoneX, João Paulo Botelho.
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Mesmo que as chuvas tenham ficada significativamente abaixo da média desde maio, os volumes acumulados desde o começo do ano suavizaram o impacto sobre a umidade do solo e, consequentemente, sobre a produtividade agrícola. Ainda assim, o risco de quebra não está fora do radar na região.
“Com precipitação acumulada no ano 22,7% abaixo da média dos últimos 10 anos e redução de mais de 55% nos últimos 3 meses, é possível que a queda na umidade dos solos se acelere a partir de agora, aumentando o stress hídrico das lavouras, a depender das chuvas e temperaturas que serão registradas nas próximas semanas”, avalia o analista Botelho.
Ao mesmo tempo em que pode prejudicar o desenvolvimento dos canaviais, o clima seco tem impacto positivo sobre a concentração de açúcares na cana. Considerando a precipitação abaixo da média nos últimos meses e a tendência sazonal de redução nas chuvas para os próximos meses, a StoneX estima que o Açúcar Total Recuperável (ATR) médio apresente alta de 1,6% na comparação com a safra passada, para 129,3 Kg/t. Este aumento, entretanto, ainda indicaria uma qualidade da matéria-prima abaixo da safra 2016/17.
Em relação aos produtos da cana, o grupo estima mix açucareiro na região em 43,5%, 3,1 pontos percentuais abaixo da safra passada e o menor nível da série histórica. Se concretizado, este mix levaria à produção de 2,5 milhões de toneladas de açúcar na região, 2,6% abaixo da safra 2017/18 e o menor patamar desde a temporada 1999/2000.
Mesmo que as usinas da região Nordeste dependam menos da exportação de açúcar que suas contrapartes no Centro-Sul do Brasil, a queda no preço do produto no mercado internacional também afeta diretamente a tomada de decisão pelas empresas nordestinas. “Esta queda foi resultado das expectativas de amplo superávit global de açúcar na safra 2017/18, que deve ser seguido por novo excedente no ciclo seguinte, ambos resultados de produção acima das máximas históricas em Índia e Tailândia, além de recuperação na produção europeia”, reportou o grupo, em nota.
Com 56,5% da matéria-prima direcionada para a produção de etanol, a tendência é que o hidratado aumente significativamente sua participação, uma vez que a maior oferta do biocombustível tende a aumentar a procura pelo mesmo nos postos. “O baixo crescimento da demanda por combustíveis do ciclo Otto notada ao longo dos últimos anos e a perspectiva incerta para a economia brasileira para os próximos meses nos leva a crer que não há espaço para aumento na demanda por gasolina na região”, explica João Paulo Botelho, em relatório.
Ainda de acordo a StoneX, a produção de etanol deve ficar dividida em 931 milhões de litros de anidro e 1,05 bilhão de litros de hidratado. No caso do primeiro, o volume representa uma queda de 1,8% na comparação com 2017/18, enquanto para o segundo é esperado aumento de 24,9% no volume produzido.