Depois de um fevereiro carregado de eventos geopolíticos, os últimos 30 dias foram de acomodação no mercado de petróleo. Apesar disso, a StoneX prevê um cenário de maior aperto no balanço de oferta a partir de abril.
O grupo estima que a disponibilidade de petróleo dos principais players mundiais tenha recuado 1,696 milhão de barris por dia (mbpd) no primeiro trimestre de 2019 (em relação ao imediatamente anterior) e, para o segundo trimestre, projeta-se uma redução complementar de 364 kbpd.
+Leia também: EUA encerram o ano com persistente crescimento da produção de gás natural
Produção de petróleo por país (mil barris por dia)
“Os últimos meses foram marcados por deteriorações nas condições de oferta, o que se mantém para as estimativas do 2° trimestre, e isso explica a constante tendência altista nos preços verificada em 2019”, afirma Fábio Rezende, analista de mercado da StoneX.
A revisão é resultado do corte de produção maior que o necessário pela Arábia Saudita, o menor ritmo de expansão da produção americana e a paralisação parcial da exploração de um campo no Mar do Norte, para manutenção preventiva.
Segundo o Ministro da Energia, Khalid Al-Falih, a Arábia Saudita continuará a reduzir sua oferta até, pelo menos, abril. O país busca liderar a OPEP pelo exemplo, incentivando (ou pressionando) os demais países do bloco a obedecerem o acordo. Falih estima que a produção do país será de 9,8 mbpd em março e 9,7 mbpd em abril.
A partir de agora, o foco do mercado passa a ser as condições desafiadoras para os meses de abril a junho que devem ser marcados por forte destruição de estoques em um contexto de oferta restrita e demanda em alta para o ciclo de verão no hemisfério norte.
“Os preços devem testar novos patamares, Brent entre USD 70-80 passa a ser nosso cenário base. Um eventual aprofundamento da guerra comercial entre EUA e China ou a pressão intempestiva do presidente americano são fatores baixistas que podem trazer resistência para essa banda de preços”, avalia o Head de Petróleo, Gás e Derivados da StoneX, Thadeu Silva.
No médio prazo, o grupo prevê redução no ritmo de expansão da oferta dos EUA, que, não obstante, continuará a ser o principal motor de crescimento da produção de petróleo no mundo, se consolidando como líder isolado na produção da commodity.