O produtor tem arcado com custos mais altos na lavoura, em parte pelo número de aplicações contra pragas como buva e capim amargoso (ambas ervas daninhas). No segundo caso, quando há problemas com capim amargoso, precisam ser realizadas três aplicações antes mesmo de iniciar o plantio. O percevejo e a ferrugem também têm gerado alguns problemas para a região. De acordo com levantamento da Coperplan, em alguns casos os gastos somam R$ 2.000/ hectare na safra atual, contra R$ 1.450/ ha no ciclo 2015/16.
A Coperplan atua na produção de grãos em 11 municípios do Sudoeste do Mato Grosso do Sul (região de Dourados e municípios vizinhos), somando 80 mil hectares de soja, que corresponde a 14,5% da área total desses municípios, e 60 mil hectares de milho ‘safrinha’.
Segundo Angelo Cesar Ajala Ximenes, do grupo, é preciso monitorar a lavoura para minimizar os custos, realizando aplicações nos melhores horários possíveis. Também é preciso trabalhar bem a fertilidade do solo e ficar atento à velocidade do plantio, que às vezes é muito alta.
A boa notícia é que algumas técnicas de integração no campo garantem redução nos custos. No caso do plantio integrado milho-braquiária, por exemplo, é possível evitar problemas causados pelas ervas daninhas. Cerca de 60% dos produtores atendidos pela Coperplan realizam essa integração, e com isso reduzem 80% das aplicações.
Soja crescendo em estágios diferentes na propriedade Annalu, em Deodápolis, município do Sudoeste do Mato Grosso do Sul. Fotografia: Carolina Barboza / StoneX
O proprietário da fazenda Annalu em Deodápolis, Aurélio Rocha, otimiza sua propriedade reunindo produção de grãos, piscicultura para exportação e pecuária. Com 100% do aproveitamento e técnica, Rocha consegue otimizar espaço e vencer imprevistos. Na safra anterior, por exemplo, teve boa produtividade de soja (65 sacas/ ha), deixando equipe e maquinário a postos para a colheita.
Outro fator importante destacado por esse agricultor é comercializar os produtos e planejar a compra de insumos com mais consciência. “A gente aproveita campanhas e momentos. Eu acho que hoje o produtor precisa comprar seus insumos na hora mais atrativa, e sempre de olho na venda [do produto agrícola]. Eu vejo que falta ainda esse crescimento de informação”, afirma.
Rocha acredita que agora ainda não seja o momento ideal para travar insumo para a ‘safrinha’, porque não há nada definido em questão de clima e mercado. Para ele, seria mais importante tomar decisão de comercialização do que compra de insumo. Sua safra está 100% comercializada, mas continua de olho no mercado.
Na Fazenda Annalu, em Deodápolis, há 1500 hectares destinados à lavoura, 500 hectares para pecuaria e outros 100 hectares para piscicultura (com tanques de tilápia e pintado para exportação). Fotografia: Carolina Barboza / StoneX
Medidor pluviométrico na propriedade Annalu, em Deodápolis. Fotografia: Carolina Barboza / StoneX
Clima, um capítulo a parte
“Fator clima é o que pega”, aponta Aurélio Rocha, de Deodápolis. Com o plantio de soja encerrado e a expectativa de colher ao menos 60 sacas/ ha, Rocha se queixa das chuvas irregulares e espera que as precipitações se normalizem a partir da segunda quinzena de novembro. “A cada ano a gente observa que o clima vem mudando muito. Não teve ainda uma cobertura boa de chuva para regularizar”, explica. Na safra passada, viu sua produção de milho 2ª safra cair de 80 sacas/ ha (2014/15) para apenas 32 sacas/ ha (2015/16).
Esse prejuízo tem deixado os produtores cautelosos, mais esperançosos por uma regularidade. “O último ciclo foi um ciclo comprometedor. Era para ser o melhor ciclo dos últimos tempos, mas deu toda aquela chuva e comprometeu bastante”, afirma Angelo Ximenes, de Dourados.
Esperando que a safra atual produza resultados mais positivos, as áreas atendidas pela Coperplan possuem expectativa de retirar do solo 60 sacas/ ha de soja (contra 50 sacas/ ha em 2015/16) e 100 sacas/ ha de milho ‘safrinha’ (contra 60 sacas/ ha em 2015/16).
Até agora, Ximenes relata que as chuvas na região têm vindo com gelo, mas não têm danificado as plantas que, ainda pequenas, suportam um estresse climático maior.
Expedição Safra visita Fazenda Annalu, em Deodápolis. Fotografia: Carolina Barboza / StoneX