Novas regras de precificação do diesel criadas após a greve dos caminhoneiros prejudicam importação e mercado brasileiro pode ficar sem produto
Após a greve dos caminhoneiros, o sistema de tabelamento de preços ao consumidor final e de subvenção aos fornecedores tem apresentado problemas em remunerar a importação de diesel. Os valores adotados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para os custos com transporte e tancagem, por exemplo, apontam número muito abaixo do praticado pelo mercado. Além disso, até o momento não foi paga a grande maioria dos valores devidos aos fornecedores pela ANP, muitas empresas estão sem liquidez para realizar novas operações e têm incertezas se a subvenção ocorrerá de fato. “A importação privada está paralisada e a Petrobras é praticamente o único agente a trazer produto para o Brasil, salvo raras exceções”, explica o Head de Petróleo, Gás e Derivados da StoneX, Thadeu Silva.
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Os últimos meses do ano costumam apresentar o pico da demanda por diesel no Brasil e 2018 não será diferente. A maior procura pelo combustível fóssil nesse período está relacionada ao setor agrícola brasileiro, que permanece se expandindo ao longo dos últimos anos. Em meio à evolução na safra de grãos, espera-se que o consumo anual de diesel no Brasil apresente evolução de 0,32% em relação ao volume total demandado em 2017 e alcance 50,13 milhões de m³ (137,35 mil m³ por dia) ao final desse ano.
“Caso não haja mudança na política de precificação de diesel por parte da ANP e o início do pagamento da subvenção teremos desabastecimento de diesel nos últimos meses do ano ou a Petrobrás terá que arcar sozinha com o prejuízo de suprir a totalidade do mercado brasileiro com arbitragem negativa”, avalia Silva, da StoneX.
Analisando as condições domésticas de oferta do óleo diesel, que se agravaram após a explosão na Refinaria de Paulínia-SP (Replan) durante agosto e reduziu sua capacidade em cerca de 50%, o grupo projeta que o Brasil precisará importar cerca de 5,5 milhões de m³ (130 navios com capacidade de 42 mil m³) durante os próximos 4 meses para equilibrar o balanço de oferta e demanda doméstico em 2018.
A necessidade de importar 1,37 milhão m³ pelos próximos 4 meses representaria um aumento de 22,6% em relação a média das importações de diesel nos 5 primeiros meses do ano, em contexto desfavorável, após a greve dos caminhoneiros e a mudança da política de precificação do diesel no Brasil terem diminuído significativamente as importações do combustível.
“Comparando com o volume importado no mesmo período de 2017, as aquisições de diesel no mercado internacional precisarão expandir 12,2%, realçando que no passado, 24,2% do diesel ofertado no mercado doméstico teve origem fora do Brasil, o maior share já registrado para o produto”, resume o Head de Petróleo, Gás e Derivados, Thadeu Silva.