Visita ao porto de Mundra levanta discussões sobre a logística indiana

Os participantes da III Viagem Comercial à Índia acordaram cedo na quinta-feira (1º de março) para se dirigir ao porto de Mundra, a aproximadamente 70 km da cidade de Kandla, onde a delegação estava hospedada. O primeiro compromisso foi um café da manhã, no qual a delegação foi recebida pelo COO do Porto de Mundra e Zona Econômica Especial, Avinash Rai. Entre os tópicos discutidos durante a refeição, o destaque foi como o açúcar se insere na cadeia logística da Índia e como o porto em questão lida com os volumes do adoçante que passam por suas estruturas.

Além disso, o Sr. Rai apresentou aos participantes sua visão sobre os desafios e o futuro do agronegócio no país, com foco no açúcar. Na opinião dele, com o rápido crescimento econômico esperado para os próximos anos, o país deve aumentar suas importações de commodities agrícolas, com destaque para as lentilhas, a soja, o arroz e o próprio açúcar. Por outro lado, ele não vê elevado potencial de incremento na demanda por carnes, uma vez que os vegetarianos têm grande participação na população do país.

Os gargalos que são muitas vezes apontados como entraves ao desenvolvimento do país, como infraestrutura logística e fornecimento de eletricidade, estão, na opinião do executivo, sendo resolvidos aos poucos. E a instalação visitada faz parte desta solução.

O Porto de Mundra, administrado pelo grupo Adani, é espalhado ao longo de 40 km de costa e lida com mais de 100 milhões de toneladas de carga por ano, o que o torna o maior porto privado da Índia e um dos maiores do país. O porto possui quatro terminais de granéis secos, com 86,8 milhões de toneladas/ano de capacidade, um terminal de cargas líquidas, dois de óleo bruto e seis de contêineres, com 48 milhões de toneladas/ano de capacidade.

Ao redor do porto, está a Zona Econômica Especial, também administrada pela Adani, onde indústrias e negócios correlatos podem se instalar com condições tributárias diferenciadas, principalmente para importação e exportação. Em uma área de 15 mil hectares, o grupo pôde encontrar armazéns para granéis sólidos com capacidade para 650 mil toneladas, tanques de combustíveis, óleo bruto e GNL, usinas elétricas a carvão e vários outros empreendimentos.

Ao fim do café da manhã com o Sr. Rai, os participantes foram visitar o porto, começando pelo Centro de Operações, incluindo a sala de segurança, onde os gerentes da área controlam as inúmeras câmeras ao redor da instalação e o trabalho de 550 guardas. Depois o grupo visitou a sala de controle, onde funcionários controlam de maneira remota o trabalho das gruas que carregam mercadorias nos navios.

Além disso, conheceram os armazéns de granéis sólidos, onde no momento estavam estocados grandes volumes de lentilhas, grão de bico e soja, mas que podem receber açúcar quando este produto está sendo movimentado. Após esta etapa, a delegação brasileira se dirigiu para um passeio de carro pelas várias instalações portuárias, como terminais de granéis sólidos, líquidos, contêineres e até de carvão, que é, por sinal, o maior do mundo.

Com o fim da visita ao porto, o grupo visitou outras empresas que estão instaladas na Zona Econômica Especial. A primeira foi fábrica de painéis fotovoltaicos, que tem produção de 10 mil painéis por dia, com capacidade total de 1,2 GW. Nessa visita, o diretor da fábrica impressionou os participantes com a alta tecnologia empregada, com equipamentos vindos de Alemanha, Itália e China. A fábrica, também operada pela Adani, se aproveita da energia fornecida pelas usinas elétricas próximas e é a maior da Índia, além de uma das maiores do mundo. O grupo também está construindo a maior usina solar do mundo, no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia.

Após esta interessante visita, fomos recebidos para almoço e visita na Usina Térmica de Mundra, também operada pela Adani. A planta possuí nove geradores, com capacidade total de 4.620 MW, sendo assim a maior usina térmica privada da Índia. O combustível utilizado é o carvão importado no próprio porto, vindo, em sua maior parte, da Indonésia. No almoço, o Sr. Ranen Kumar Roy, diretor da planta, conversou com a delegação sobre as dificuldades e oportunidades no setor elétrico indiano, ajudando os participantes a entender o funcionamento deste importante mercado para o setor sucroenergético. Após o almoço, os participantes puderam visitar a planta, com passagem pela sala de controle da mesma.

Vale destacar que, além da planta operada pela Adani, há outra usina a carvão logo ao lado operada pelo grupo Tata, com capacidade de 4.000 MW. Com isso, as duas plantas têm capacidade combinada equivalente a mais de 60% da usina de Itaipu.

Após a visita à usina, a próxima parada foi a refinaria de óleo vegetal operada em joint venture entre os grupos Adani e Willmar, de Cingapura. A planta é a maior da Índia no segmento, com capacidade para 3,6 mil toneladas/dia e usa majoritariamente óleo de soja que, por sua vez, é importado em sua maior parte da Argentina. Também são processados óleo de palma e girassol na planta. Além de óleo vegetal engarrafado para o mercado doméstico, a planta também vende subprodutos do processo de refino, como glicerina, ácido estérico granular e sabão. Vale destacar que a Índia é o maior importador global de óleos vegetais, sendo também o maior país comprador do óleo de soja exportado pelo Brasil.

Muito cansados, mas bastante impressionados com as estruturas visitadas, os participantes voltaram para o hotel em Kandla após esta visita. A sensação que ficou foi de que a Índia possui capacidade logística de sobra para importar ou exportar açúcar em grandes volumes se as condições de mercado e de regulação assim permitirem. Além disso, a rápida construção de estrutura de proporções gigantescas mostrou que o país asiático tem enorme potencial de crescimento econômico se as condições adequadas continuarem se apresentando.

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