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Inteligência de Mercado

Este texto teve a colaboração de Ana Luiza Lodi, João Pedro Lopes e Thaís Monello.

Clima na China: Impactos nas lavouras de grãos e algodão 2023

Série Raio X: publicado em 21/08/2023

Clima China commodities StoneX

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China no centro das mudanças climáticas

Os impactos de eventos climáticos na China têm chamado a atenção do mundo, na medida em que têm impacto na relação entre a oferta e demanda global de commodities.

Os extremos registrados no clima impactaram não apenas a população chinesa de 1,4 bilhão de pessoas, mas também diversas safras no maior produtor de alimentos do mundo.

O verão na China tem sido uma estação de extremos, potencializados pelo El Niño, registrando-se, por exemplo, elevadas temperaturas e fortes chuvas.

Vale ressaltar que o país é atualmente o maior emissor mundial de gases de efeito estufa, responsável por cerca de um quarto de todas as emissões que contribuem para o aquecimento global.

À medida que se enfrentam problemas com as mudanças climáticas, surge a preocupação com o potencial de quebras generalizadas de safras nas principais regiões produtoras de alimentos.

Em boa parte das regiões agrícolas da China, há influência das monções, fenômeno que provoca chuvas significativas e longos períodos de seca durante diferentes meses do ano.

Recentemente, tempestades em Pequim, Tianjin e Hebei, de 29 de julho a 1º de agosto, causaram desastres como inundações e alagamentos urbanos.

Durante o mês de julho, um total de três tufões foram registrados no noroeste do Oceano Pacífico e no Mar da China Meridional.

A ocorrência de tufões e fortes chuvas durante os meses de verão não é algo anormal no país, mas a frequência e a destruição desses fenômenos foram potencializadas pelas mudanças climáticas.

A capacidade de adaptação dependerá de uma combinação de políticas, tecnologias e cooperação internacional.

Clima na China: Principais eventos climáticos extremos em julho de 2023

Clima China commodities StoneX

Fonte: National Climate Center. Elaboração: StoneX.

 

A importância da China no mercado de grãos e algodão

 

Além de maior produtor mundial de alimentos, a China também é protagonista nas importações globais de grãos e algodão. De acordo com o USDA, o país deve importar mais de 150 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24.

Embora seja o terceiro maior país em área territorial, a China enfrenta desafios de escassez de terras agrícolas em relação à sua população. Parte importante de seu solo não é adequado para agricultura devido a características geográficas e climáticas.

O governo chinês tem incentivado a produção interna de grãos por meio de políticas de apoio à agricultura, subsídios e investimentos em pesquisa agrícola.

Ao mesmo tempo, o Brasil tem ampliado sua participação entre os fornecedores de grãos para o país, especialmente após a intensificação das tensões entre China e EUA.

Além disso, a China tem buscado diversificar suas fontes de fornecimento de grãos para garantir a segurança alimentar e reduzir riscos associados à dependência excessiva de um único mercado.

E, como observado, a produção agrícola pode ser afetada por fatores climáticos, como secas e enchentes, e a dependência muito grande da produção doméstica pode deixar a China vulnerável a essas flutuações.  A prevenção de desastres está se tornado mais desafiadora.

Destaca-se que após uma inundação, aumentam as possibilidades de redução de produtividade devido à maior incidência de pragas e doenças nas culturas.

Dessa maneira, é importante monitorar as condições climáticas na China e como a oferta e demanda do país poderá potencialmente alterar os fluxos comerciais e preços das commodities.

 

Participação da China na produção e importação global de Grãos, Algodão e Arroz (%)

Clima China commodities StoneX

Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

 

Milho na China

 

Por mais que o principal destino do milho não seja a alimentação humana, o cereal tem um papel fundamental na garantia da segurança alimentar chinesa. Cerca de 70% do grão consumido no país é utilizado como ração, afetando diretamente a oferta de proteína animal.

Sua produção se concentra nas regiões norte e nordeste, com destaque para as províncias de Heilongjiang e Jilin e para a região autônoma da Mongólia Interior. O plantio ocorre principalmente entre abril e maio e a colheita entre setembro e outubro.

Faixas das maiores regiões produtoras foram afetadas por fortes tempestades e inundações nas últimas semanas, impactando o desenvolvimento do grão.

As provínciais de Shandong, Hebei, Henan e Shanxi, também importantes para a oferta do cereal, apresentaram uma rápida queda no nível das águas após as inundações, reduzindo, ao menos ligeiramente, a preocupação com as lavouras. Contudo, a recuperação nos três principais produtores do país não foi tão veloz, mantendo grandes questionamentos sobre a produção.

Em função da umidade excessiva, o USDA reduziu em agosto sua estimativa de produção da safra 2023/24 da China, de 280 para 277 milhões de toneladas, sendo que novos cortes não estão descartados. Modelos apontam que um elevado volume de chuvas deve seguir ocorrendo no nordeste da China, o que pode prejudicar o desenvolvimento do cereal e elevar a vulnerabilidade a pestes e doenças.

Parte da menor oferta de milho poderia ser compensada por uma maior destinação de trigo e arroz para ração. Essas culturas também foram afetadas e parte dos grãos se tornou imprópria para consumo humano. Contudo, ainda assim, o país pode ter que recorrer a maiores importações de milho.

 

Produção de milho por província na China em 2021 (% do total)

 

Fonte: National Bureau of Statistics of China. Elaboração: StoneX.

 

Principais eventos climáticos extremos na China em julho de 2023

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

 

Previsão de chuva – 21/ago/2023 a 3/set/2023 (mm)

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

Trigo na China

 

A China busca autossuficiência em commodities que fazem parte da base alimentar de sua população e o trigo é fundamental quando o assunto é a política de segurança alimentar do país.

O trigo de inverno corresponde ao maior volume do cereal, sendo geralmente semeado em setembro e outubro, com a colheita começando em meados de maio do ano seguinte e continuando até o final de junho. O trigo de primavera, por sua vez, é plantado de março a abril e colhido de agosto a setembro.

O clima em 2023 tem sido um fator de preocupação para a cultura, com chuvas torrenciais inesperadas que atingiram a província central de Henan, principal produtora do cereal no país.

As inundações ocorreram pouco antes da colheita do trigo de inverno, em maio. O período foi marcado por chuvas prolongadas que causaram a brotação e a ferrugem logo antes da colheita.

O impacto das excessivas chuvas nessa região resultou em uma queda de 0,9% na produção estimada de trigo do país, primeira redução em sete anos, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas da China. O USDA também já revisou seus números em função do elevado volume de precipitações no país. Em seu relatório de O&D de agosto, o Departamento cortou a produção chinesa 2023/24 em 2,1%, para 137 milhões de toneladas

Por outro lado, o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais indicou que as regiões que foram atingidas pelas chuvas excessivas receberam cerca de US$ 60 milhões em fundos para apoiar a produção agrícola.

Além disso, cabe o destaque para o nível do estoque de trigo acumulado pela China, estimado pelo USDA em 138,8 milhões de toneladas, volume não muito distante do que é consumido anualmente no país.

 

Produção de trigo na China por província em 2021 (% do total)

Fonte: National Bureau of Statistics of China. Elaboração: StoneX.

 

Principais eventos climáticos extremos na China em julho de 2023

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

Previsão de chuva na China – 21/ago/2023 a 3/set/2023 (mm)

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

Arroz na China

O balanço de oferta e demanda de arroz na China é similar ao observado nos mercados de trigo e milho. O país asiático se destaca pelo lado da produção, mas ainda precisa recorrer às importações para garantir o abastecimento de sua gigantesca população. Segundo dados do USDA, a média de consumo na China foi de 150 milhões de toneladas nas últimas 5 temporadas, ao passo que a produção ficou ao redor de 147,7 milhões.

Como comentado, o cenário é de grande preocupação para os outros grãos, mas pode-se dizer que é ainda mais para o arroz. As inundações atingiram as principais regiões produtoras justamente quando as lavouras estavam no estágio de polinização, período considerado crucial para a definicação da produtividade da cultura.

Os danos promovidos pelo clima adverso, que por si só já seriam prejudiciais para o balanço de oferta e demanda, ocorrem em um momento de oferta mais restrita globalmente. Preocupados com o abastecimento doméstico, importantes países produtores, como Índia e Rússia, proibiram as exportações de arroz, tornando a situação para a China ainda mais desafiadora.

Por mais que, segundo o USDA, o país tenha um estoque bastante elevado, ao redor de 105 milhões de toneladas atualmente, este volume está abaixo da média das últimas 5 temporadas, de 113,5 milhões.

Com isso, o país deve evitar apresentar grandes contrações nesse número, o que limitaria o direcionamento do grão para a ração animal, principalmente em um contexto marcado pela interrupção das exportações de importantes players, reduzindo as alternativas ao uso do milho na formulação de ração.

 

Produção de arroz por província na China em 2021 (% do total)

Fonte: National Bureau of Statistics of China. Elaboração: StoneX.

 

Principais eventos climáticos extremos em julho de 2023

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

Previsão de chuva – 21/ago/2023 a 3/set/2023 (mm)

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

 

Soja

A China é a maior consumidora de soja do mundo e depende fortemente das importações da oleaginosa para atender sua demanda.

Apesar de o país considerar a questão da segurança alimentar de sua população central, o consumo interno de soja cresceu fortemente com a produção de proteína, mas o aumento da produção de soja ficou muito aquém do necessário.

Atualmente, o USDA estima a produção de soja da China na casa de 20 milhões de toneladas, enquanto o uso doméstico ficaria em 118 milhões de toneladas, resultado numa diferença de quase 100 milhões de toneladas, o que explica o protagonismo chinês nas importações mundiais.

Mesmo com essa produção relativamente pequena, a ocorrência de perdas de safra significativas devido a adversidades climáticas poderia reforçar ainda mais as compras externas de soja pela China. Por outro lado, o país tem construído estoques mais significativos da oleaginosa, com a relação estoque/uso se mantendo acima dos 30%, o que reduz as preocupações quanto a impactos negativos do clima em sua safra.

Cerca de 44% das lavouras chinesas de soja estão localizadas na província de Heilongjiang, no nordeste do país, que foi muito afetada pelas fortes chuvas e inundações nas últimas semanas. Ademais, as previsões continuam a indicar volumes bastante elevados de precipitação para o nordeste do país.

Por enquanto o USDA e o dado oficial da China não reduziram suas estimativas para a produção de soja do país no ciclo 2023/24. O Ministério da Agricultura da China afirmou, recentemente, que o impacto das enchentes é relativamente pequeno para a safra.

 

Produção de soja por província em 2021 (% do total)

Fonte: National Bureau of Statistics of China. Elaboração: StoneX.

 

Principais eventos climáticos extremos em julho de 2023

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

Previsão de chuva – 21/ago/2023 a 3/set/2023 (mm)

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

Algodão

 

Para o algodão, a produção chinesa está predominantemente condicionada aos eventos na província de Xinjiang, onde se concentra aproximadamente 89% da oferta doméstica. Com uma presença menor, a cotonicultura chinesa também pode ser encontrada nas regiões leste do país, como Hebei, Shandong e Hubei.

As preocupações relacionadas ao clima chamaram a atenção desde meados de junho, se intensificando quando Sanbao, cidade na região de Xinjiang, alcançou os 52,2ºC no dia 16/07, exibindo um recorde de temperatura.

Vale mencionar que o período de plantio em Xinjiang ocorre entre março e meados de maio, enquanto a colheita começa na metade de setembro e termina na metade de novembro. Assim, o calor extremo enfrentado pela região no último mês coincidiu com o período de floração e desenvolvimento do capulho, etapas em que a temperatura ideal geralmente é de 25ºC a 30ºC.

Portanto, parte do mercado entende que há um risco para a produtividade do algodão, podendo resultar na diminuição da safra de Xinjiang – que já sofreu atrasos no plantio devido às chuvas e geadas registradas em abril deste ano.

No início de julho, o Relatório de Oferta e Demanda da China (CASDE, sigla em inglês) indicou que a produção chinesa poderia diminuir de 5,98 milhões de toneladas referentes ao ciclo 2022/23, para 5,78 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, uma redução de 3,5%. No relatório, o Ministério de Agricultura chinês não considerou o clima quente para as projeções, mas comentou que as altas temperaturas podem impactar a produção.

De qualquer forma, a possibilidade de comprometimento da oferta chinesa poderia ser uma oportunidade para um aumento da demanda do país pela pluma internacional, que, possivelmente, seria bem recebido pelas cotações em NY.

 

Produção de algodão por província em 2021 (% do total)

Fonte: National Bureau of Statistics of China. Elaboração: StoneX.

 

Principais eventos climáticos extremos em julho de 2023

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

Previsão de temperatura máxima – 21/ago/2023 a 3/set/2023 (ºC)

Fonte: National Climate Center e NOAA. Elaboração: StoneX.

 

Fonte: StoneX

Este conteúdo foi disponibilizado para assinantes em primeira mão em: StoneX Digital.

 

As informações que constam nesta publicação representam as opiniões, os pontos de vista e as projeções do autor, salvo se indicado o contrário, e não necessariamente refetem os pontos de vista, estratégias ou recomendação de negociação empregadas pela StoneX. Todas as previsões de condições de mercado são inerentemente subjetivas e especulativas, e resultados reais e previsões subsequentes podem variar significativamente em relação a essas previsões.

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Este texto teve a colaboração de Ana Luiza Lodi, João Pedro Lopes e Thaís Monello

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