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Bruno Santos

Formado em Economia e Relações Internacionais pela FACAMP. Trabalha desde 2021 na Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na área de Energia.
Este texto teve a colaboração de Isabela Garcia.

O mercado de biogás e biometano no Brasil 2023

Biometano: Possível substituto ao gás natural deve crescer no Brasil

As commodities do setor de Energia são as mais negociadas internacionalmente, uma vez que se inserem em todas as cadeias produtivas da economia moderna. Diante disso, o acesso à informação é cada vez mais importante na tomada de decisões, visando sempre compreender os fundamentos de O&D e os impactos destes sobre a definição das tendências de preços do petróleo e seus derivados.  Conheça os pacotes de assinatura de Relatórios de Energia.


 

O biometano vem ganhando destaque nos últimos anos entre os combustíveis por ser uma alternativa renovável e mais limpa, tornando-se uma das apostas do mercado para a descarbonização da matriz energética global e se atingir o “Net Zero”.

A Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) estima que o consumo de biometano possa alcançar 200 milhões de toneladas de petróleo equivalente (Mtoe) em 2040, com grande potencial em economias em desenvolvimento. O Brasil também vem investindo nesse combustível em anos recentes, com o biometano devendo ganhar maior importância no mercado doméstico nos próximos anos.

Assim, a Inteligência de Mercado elaborou uma breve análise sobre o biometano e o potencial do biocombustível no mercado brasileiro para os próximos anos, bem como sua relação com o gás natural.

Alternativa para transição energética

Uma das maneiras de se produzir biometano é a partir da purificação do biogás, podendo conter mais de 90% de metano e se assemelhar à composição do gás natural. O biogás, por sua vez, é produzido a partir da decomposição da matéria orgânica – especialmente de resíduos da atividade agropecuária e antrópicas (aterros sanitários, por exemplo).

Esses resíduos devem ser submetidos a biodigestores, os quais contém bactérias que realizam a decomposição e liberam o biogás a ser purificado para a produção do biometano. A produção do biometano pelo biogás responde por 90% da oferta global atualmente, mas também existe a possibilidade de gerar a molécula a partir da gaseificação da biomassa sólida seguida de metanação. O método alternativo, no entanto, envolve maiores custos e processos, sendo menos utilizado.

Ilustração da cadeia de biometano

Ilustração da cadeia de biometano
Ilustração da cadeia de biometano

Fonte: IEA. Elaboração: StoneX.

A geração de biogás ocorre naturalmente, fora de ambientes controlados, liberando gás carbônico e metano para a atmosfera. Ambos são considerados gases do efeito estufa (GEE), mas, com a produção do biometano, parte dessas emissões são evitadas, permitindo também a geração de crédito de carbono.

Por ter composição química similar ao gás natural, o biometano pode ser utilizado nos mesmos setores que seu equivalente fóssil, além de ser possível aproveitar as malhas de gasodutos existentes para transportar a alternativa renovável, não sendo necessários investimentos maiores para o desenvolvimento tecnológico da malha de distribuição.

Dessa maneira, o biometano pode ser aplicado para a geração de energia térmica (alimentação de fornos, caldeiras, aquecedores de água, entre outros), elétrica, ou substituindo o GNV como combustível veicular. O biogás também pode ser utilizado para a geração de energia em termelétricas sem passar pelo processo de purificação.

De acordo com a IEA, até 2018, a produção de biogás se concentrava majoritariamente na Europa (16 Mtoe), China (7,3 Mtoe) e Estados Unidos (3,9 Mtoe), com essas três regiões representando até 90% da oferta global. De acordo com estimativas da entidade, a maior parte da produção de biogás (66%) era destinada para a geração de eletricidade e calefação, seguido do uso residencial (30%) e o restante (4%) para abastecimento veicular.

O desenvolvimento do biogás, por sua vez, dependeu fortemente de políticas de incentivo e de disponibilidade de matéria prima, o que explica o desequilíbrio da produção global em anos recentes e a menor participação desse combustível na matriz energética global (0,3%).

Capacidade instalada de geração de biogás – GW

biometano
Capacidade instalada de geração de biogás – GW

Fonte: IEA. Elaboração: StoneX.

Apesar disso, os benefícios do uso do biogás e do biometano – como o aspecto sustentável dos combustíveis, o aumento da segurança energética (por se apoiar em fontes renováveis e majoritariamente locais) e a compatibilidade com a atual malha de gasodutos – devem estimular o desenvolvimento do setor nos próximos anos.

Estimativas da IEA apontam que o consumo de biogás chegue a 75 Mtoe até 2040, considerando as atuais políticas de incentivos anunciadas, com um potencial maior de crescimento em economias em desenvolvimento apoiado na captura de aterros sanitários e na produção por biodigestores.

O biometano, por sua vez, deve ganhar maior destaque nos mercados asiáticos, atuando utilizado juntamente com o gás natural para o abastecimento elétrico e calefação de ambientes na região.

 

Mercado brasileiro de biogás

No Brasil, o mercado de biogás e biometano ainda é incipiente, mas possui grande potencial por conta dos resíduos gerados pelo agronegócio, especialmente da cana-de-açúcar.

De acordo com a CiBiogás, a produção de biogás em 2021 chegou a 2,34 bilhões de Nm³ no país, aumentando em 9% no comparativo com 2020, com 755 plantas espalhadas pelo país – concentradas especialmente no Centro-Sul.

A exploração do gás, no entanto, é considerada subaproveitada no país, tendo potencial de aumentar 15 vezes até 2030, e podendo atingir 170.912 GWh/ano, de acordo com a Associação Brasileira de Biogás (Abiogás).

Produção de biogás e número de plantas existentes no Brasil

Produção de biogás e número de plantas existentes no Brasil
Produção de biogás e número de plantas existentes no Brasil

Fonte: CBiogás. Elaboração: StoneX.

Os resíduos do agronegócio do país, em especial o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, mas também da palha de milho e dejetos de animais, posicionam o Brasil como um grande produtor de biogás e biometano.

Atualmente, no entanto, a maior parte do biogás é produzido a partir de resíduos urbanos ou esgoto, com essa fonte de substrato detendo o maior número de plantas de grande porte até 2021. Apesar do setor agrícola deter o maior número de plantas de biogás, a maior parte é de pequeno porte, com o gás destinado para a produção de energia elétrica para abastecimento próprio (CiBiogás).

A produção de biometano, por sua vez, ainda é limitada no país. Apesar do grande número de plantas de extração de biogás, o processamento e purificação dessa molécula para a fabricação de biometano conta com apenas seis unidades pelo país, de acordo com a ANP.

Desse montante, três estão localizadas em São Paulo, duas no Rio de Janeiro e uma no Ceará. Em geral, a produção de biometano registrou um crescimento médio de 27% nos últimos três anos, atingindo 58 milhões de m³ em 2022.

De acordo com a Abiogás, o potencial de produção de biogás no Brasil se concentra no setor sucroenergético, o qual pode chegar a 21,1 bilhões de m³/ano (48%), seguido de resíduos de proteína animal (14,2 bilhões de m³/ano), produção agrícola (6,6 bilhões de m³/ano), e, por fim, saneamento (2,2 bilhões de m³/ano). Dessa maneira, a produção da molécula ainda deve ser concentrada no Centro-Sul, especialmente em São Paulo,

Potencial de geração de biogás por setor e estado (Nm³/ano)

Potencial de geração de biogás por setor e estado (Nm³/ano)
Biogás StoneX

Fonte: Abiogás. Elaboração: StoneX.

 

Este conteúdo foi disponibilizado para assinantes em primeira mão em: StoneX Digital.

As informações que constam nesta publicação representam as opiniões, os pontos de vista e as projeções do autor, salvo se indicado o contrário, e não necessariamente refetem os pontos de vista, estratégias ou recomendação de negociação empregadas pela StoneX. Todas as previsões de condições de mercado são inerentemente subjetivas e especulativas, e resultados reais e previsões subsequentes podem variar significativamente em relação a essas previsões. Nenhuma garantia é feita de que essas previsões serão alcançadas, sejam expressas ou implícitas, e qualquer decisão com base neste material é de responsabilidade do investidor.

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Bruno Santos

Formado em Economia e Relações Internacionais pela FACAMP. Trabalha desde 2021 na Inteligência de Mercado da Stonex do Brasil, com foco na área de Energia.
Este texto teve a colaboração de Isabela Garcia

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