Neste mês o IBGE publicou os primeiros resultados da pesquisa de abates para o segundo trimestre de 2018. O resultado aponta que 7,69 milhões de animais bovinos foram abatidos no último trimestre, nível que ficou acima da média de 3 anos de 7,57 milhões de animais mas que representa uma queda de 0,4% frente ao abate no 1º trimestre de 2018, de 7,72 milhões de cabeças.
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Além dos dados apontarem para um enfraquecimento na produção de carne nos últimos três meses, as perspectivas para a produção para o restante de 2018 também não são favoráveis. No segundo semestre do ano, que é dominado pela estiagem e menor suporte das pastagens na maior parte do Brasil, o abate de animais confinados ganha força e sustenta a produção de carne neste período de menor oferta de animais a pasto. Entretanto, neste ano, as perspectivas para o confinamento brasileiro não são favoráveis.
Abates trimestrais de bovinos no Brasil (milhões de unidades animais)
Fonte: IBGE. Elaboração: StoneX. *Dado preliminar. Versão revisada será divulgada em setembro.
Tomando o Mato Grosso como exemplo, os dados publicados pelo IMEA também neste mês apontam que o confinamento no estado este ano deve ser de 681.488 animais, uma queda de 1,82% em comparação com o confinamento de 694.145 animais em 2017.
Evolução do confinamento no Mato Grosso
Fonte: IMEA. *Dado preliminar de 2º giro. Dado final de 3º giro será divulgado em novembro.
É de se esperar que este cenário de queda no confinamento também esteja sendo verificado em outros estados, uma vez que os principais motivos para a queda do confinamento são o aumento dos custos e o menor preço pago pelo contrato de Outubro, o contrato referência da entressafra. Ambos fatores afetam todos os estados do país.
Analisando a evolução dos custos, nota-se que neste ano houve aumento considerável tanto no custo de reposição quanto no custo com alimentação, que são responsáveis por cerca de 84% de todo o custo dos confinamentos no Brasil. Ainda tomando o Mato Grosso como exemplo, o Cepea mostra que nas praças do estado o preço médio do bezerro atingiu R$1.150,38/cabeça em agosto, aumento de 8,4% em comparação com o mesmo mês de 2017. Já o preço do milho está em torno de R$23,1/saca 60kg, 61% mais valorizado no mesmo período.
Enquanto o custo dos bezerros está refletindo o aumento do abate de fêmeas e a entressafra, as cotações do milho estão refletindo o contexto de quebra da safrinha em importantes estados produtores, como Mato Grosso do Sul e Paraná.
Custo do bezerro e do milho no Mato Grosso
Fonte: Cepea/ESALQ, StoneX. Elaboração: StoneX.
Além dos maiores custos, os preços do boi gordo também não estão favorecendo o confinamento. O preço futuro para o contrato de Outubro neste mês atingiu uma média R$149,61/@, 6,2% acima dos preço médio do contrato de maio. Apesar da remuneração na entressafra estar se recuperando em comparação com anos anteriores, a diferença entre os contratos ainda está muito distante dos 12% pagos antes da crise de 2014.
Diferença entre o contrato de maio e outubro do boi gordo (R$/@)
Fonte: B3. Elaboração: StoneX.
Logo, é de se esperar que estes fatores limitem o confinamento este ano e diminuam a oferta de animais para o abate nos próximos meses.
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Matéria escrita por João Macedo, colaborador StoneX até janeiro de 2019.