Definição e análise sobre o índice que mede a força global do dólar americano
O Dollar Index (DXY)
O Dollar Index (DXY) é um índice que busca medir o desempenho do dólar americano contra a média ponderada de uma cesta de seis moedas de economias avançadas: o euro, o iene japonês, a libra esterlina, o dólar canadense, a coroa sueca e o franco suíço. Uma alta do índice representa um fortalecimento médio do dólar contra essa cesta de moedas, ao passo que uma queda representa um enfraquecimento médio.
Criado originalmente pelo Federal Reserve em março de 1973, com base em 100 pontos, o índice originalmente abrangia as cotações de dez moedas, ponderadas pelo peso de cada economia no comércio bilateral com os EUA naquele momento, com o objetivo de medir a “força” relativa do dólar americano. A composição e o peso das moedas no índice foram alterados apenas uma vez, em 1999, quando o recém-criado euro substituiu o marco alemão, o franco francês, a lira italiana, o florim holandês e o franco belga.
Desde 1985, quando começaram as negociações de futuros baseados no Dollar Index, a ICE Futures U.S. é a entidade responsável pela compilação, manutenção, determinação e ponderação dos componentes do índice, além de garantir seu cálculo e divulgação.
O dólar americano é considerado uma moeda porto-seguro devido à sua estabilidade, alta liquidez e menor risco em comparação com outras moedas e ativos. Nesse sentido, durante períodos de aversão ao risco ou incerteza econômica global, há uma tendência dos investidores buscarem ativos em dólares, o que fortalece o índice DXY. Dessa forma, o DXY funciona como um termômetro do apetite por risco global: quando a aversão ao risco aumenta, o índice geralmente sobe, refletindo a demanda por ativos seguros. Em contrapartida, durante períodos de maior confiança e busca por ativos mais arriscados, como ações ou commodities, o DXY tende a enfraquecer, evidenciando a correlação negativa com ativos de maior risco.
Composição do DXY
Fonte: Intercontinental Exchange, Inc. (ICE). Elaboração: StoneX.
Relação entre DXY e commodities
Ainda que cada commodity tenha suas próprias características e fundamentos de mercado, pode-se dizer que, de maneira geral, há uma relação inversa entre o valor do dólar e os preços das commodities. Ou seja, quando o dólar se fortalece globalmente, espera-se uma baixa dos preços das commodities, e vice-versa.
Há várias explicações possíveis para essa relação inversa. Por uma lado, enquanto o dólar é considerado um ativo estável e de baixo risco, as commodities costumam apresentar um grau mais elevado de volatilidade e riscos. Em parte, essa volatilidade é um reflexo da concentração da oferta desses produtos em determinados locais, o que os tornam mais vulneráveis a eventos regionais. Commodities agrícolas, por exemplo, costumam depender das condições climáticas dos locais em que são produzidas. Já commodities metálicas e energéticas tendem a estar associadas a um determinado tipo de solo e formação geológica.
Adicionalmente, em momentos de maior crescimento global, o apetite por ativos arriscados costuma estar mais elevado, reduzindo o valor do Dollar Index. O maior crescimento mundial, por sua vez, pode implicar em maior demanda por commodities, elevando seu preço. Em momentos de crise ou de crescimento baixo, por outro lado, a busca por ativos seguros aumenta, elevando o valor do dólar, e a perspectiva de demanda por commodities se reduz, diminuindo seu preço.
Vale ressaltar, ainda, que a maior parte das commodities costuma ser cotada em dólar. Assim, em momentos em que o dólar se fortalece, há uma tendência de desvalorização das outras moedas, o que torna as importações mais caras, podendo reduzir a demanda por commodities e pressionar os seus preços. Por outro lado, quando o dólar se enfraquece, há uma tendência de valorização das outras moedas, o que torna as importações mais baratas, podendo aumentar a demanda por commodities e dar suporte aos seus preços.
Variação dos índices DXY e Bloomberg Commodity Index
Fonte: StoneX cmdtyView e Bloomberg. Elaboração: StoneX.
Histórico
A criação do índice Dollar Index (DXY) remonta ao fim do Acordo de Bretton Woods. Estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, o acordo fixava os valores das moedas estrangeiras em relação ao dólar dos EUA, que, por sua vez, era conversível (ou lastreado) em ouro.
Na década de 1960, em um contexto de economia fragilizada e de valorização expressiva do dólar frente a outras moedas, o sistema estava desfavorável aos EUA. Nesse contexto, em 1971, Nixon suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro, acabando com a paridade fixa. Essas mudanças resultaram na adoção de taxas de câmbio flutuantes por muitos países, contribuindo com o encerramento definitivo do sistema de Bretton Woods.
Sem a referência fixa em ouro, o Dolla Index (DXY) foi criado para servir como referência para o valor do dólar no mercado de divisas. Ele é influenciado por fatores macroeconômicos, incluindo inflação ou deflação tanto do dólar quanto das moedas estrangeiras que compõem a cesta de comparação, além de crescimento econômico e inflação em suas respectivas economias.
Ao longo de sua história, o Índice DXY apresentou flutuações significativas, atingindo sua máxima histórica de 163,83 pontos em 05 de março de 1985 e sua mínima histórica de 71,58 pontos em 22 de abril de 2008. Nos últimos anos, entretanto, o índice tem se oscilado entre 90 e 110 pontos.
Evolução histórica do Dollar Index (DXY)
Distribuição histórica de dias por intervalo de valor* do Dollar Index (DXY)**
Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX. *De 04/01/1971 até 06/08/2024 **Valor de fechamento diário.
Bloomberg Dollar Spot Index (BBDXY)
Tal como o Dollar Index (DXY), o Índice Bloomberg Dollar Spot (BBDXY) foi criado com o intuito de monitorar o desempenho do dólar americano em relação a uma cesta de moedas globais importantes. Ele é gerido pela Bloomberg Index Services Ltd. desde 2005 e foi criado com a finalidade específica de fornecer uma representação alternativa e mais abrangente do valor do dólar.
O BBDXY distingue-se do DXY ao incluir moedas tanto de mercados desenvolvidos quanto emergentes, selecionadas com base no seu respectivo nível de liquidez nos mercados cambiais e na representatividade dos fluxos comerciais com os EUA.
Outra importante vantagem do uso deste índice é sua composição dinâmica, revisada anualmente de acordo com as perspectivas de comércio e liquidez. Isso torna o BBDXY uma medida mais atualizada do dólar americano quando comparado ao Dollar Index (DXY), que possui uma composição estática.
A principal crítica em relação ao índice DXY é de que este não refletiria de maneira adequada o valor do dólar americano, especialmente devido à representação muito alta do euro. Em contrapartida, o BBDXY foi desenvolvido para oferecer uma representação mais equilibrada e ampla, com ajustes regulares.
Contudo, ainda que o BBDXY possa oferecer uma representação mais precisa do valor do dólar no curto prazo, considerando sua composição dinâmica, o DXY historicamente reflete de forma consistente o desempenho do dólar. Entre 03/01/2005 e 06/08/2024, enquanto o BBDXY registrou uma valorização de 24,9%, o DXY avançou 26,7% no mesmo período. Adicionalmente, o coeficiente de correlação linear entre os índices foi de 98,7% no mesmo intervalo. A similaridade nas variações e a forte correlação entre os índices sugerem que ambos atendem satisfatoriamente ao mesmo propósito.
Evolução histórica dos índices DXY e BBDXY
Fontes: StoneX cmdtyView e Bloomberg. Elaboração: StoneX.
Comparação de 10 anos da composição do índice BBDXY
Fontes: Bloomberg. Elaboração: StoneX.